Disponível no catálogo do Prime Video, o filme Presença entrega uma experiência cinematográfica única ao narrar sua história inteiramente pela perspectiva de um fantasma. Dirigido com sensibilidade e precisão, o longa mergulha no sobrenatural por meio de uma lente intimista e inquietante, desafiando as convenções tradicionais do gênero e oferecendo ao público um olhar inusitado sobre a vida, e a morte, dentro das paredes de um lar aparentemente comum.
A trama acompanha o casal Rebekah (Lucy Liu) e Chris (Chris Sullivan), que, após uma perda chocante, decide recomeçar a vida ao lado dos filhos adolescentes Chloe (Callina Liang) e Tyler (Eddy Maday). Em busca de um novo começo, eles se mudam para uma casa afastada, apostando na mudança de ares como forma de restaurar o equilíbrio emocional da família.
No entanto, o que poderia ser um recomeço se transforma gradualmente em uma descida ao desconhecido. A nova casa guarda segredos que vão além do que os olhos podem ver. Há uma presença invisível que observa cada passo da família, testemunhando seus momentos de fragilidade, seus conflitos e, principalmente, a crescente vulnerabilidade da jovem Chloe.
O grande diferencial de Presença está na escolha estilística de narrar a história a partir do ponto de vista da entidade fantasmagórica que habita o local. O espectador, posicionado como um observador silencioso e invisível, partilha da impotência do espírito que tudo vê, mas nada pode fazer, ou, ao menos, é o que se acredita no início.
Esse recurso narrativo transforma o filme em um exercício inovador de linguagem cinematográfica. As câmeras se movem como olhos flutuantes, passeando pelos corredores, pairando sobre os personagens e captando detalhes minuciosos do cotidiano familiar. Essa abordagem não apenas cria uma atmosfera inquietante, como também oferece uma nova camada de profundidade emocional ao suspense.
À medida que a rotina familiar se desenrola, o espectador percebe que a dor do luto não foi superada, apenas silenciada. A relação entre pais e filhos se mostra frágil e carregada de não ditos. Chloe, em especial, começa a se destacar como o foco da entidade, que passa a observá-la com uma curiosidade crescente, quase obsessiva. Esse elo invisível entre espírito e adolescente é o cerne do filme.