Às vezes, o maior medo não é o que está por vir — é o que a gente passou a vida inteira tentando esquecer. Em O Domo de Vidro, nova série sueca que chegou ao catálogo da Netflix, o passado volta a bater à porta quando tudo parecia finalmente em paz. A trama acompanha Lejla, uma criminologista que retorna à cidade onde cresceu para o funeral de um familiar. O reencontro com o vilarejo, no entanto, não traz conforto e desperta lembranças de um sequestro que ela sofreu na infância.
Quando a filha de uma amiga desaparece sob circunstâncias estranhamente semelhantes, ela se vê forçada a encarar os fantasmas e confrontar o passado que tanto evitou. O criminoso, Ecki, responsável pelo seu sequestro, nunca foi capturado. Agora, com o desaparecimento de Alicia, Lejla enxerga padrões familiares demais para ignorar. Com a ajuda de seu conhecimento em criminologia, ela passa a investigar por conta própria, mesmo diante da resistência da comunidade e das autoridades locais.
A direção da minissérie, dividida entre Henrik Björn e Lisa Farzaneh, aposta em um ritmo contido. Em vez de sequências de ação, o suspense é construído nos silêncios, nos olhares desconfiados e nos segredos não revelados que pairam entre os moradores da vila.
O elenco é liderado por Léonie Vincent, que dá vida a Lejla com uma interpretação contida, mas carregada de intenção. Sua personagem é introspectiva, por vezes dura, mas isso só reforça o peso que ela carrega.
As cenas de flashback, com Seraphine Krystek interpretando a protagonista ainda criança, são desconfortáveis na medida certa. Sem apelar para o sensacionalismo, elas recriam o cativeiro de vidro de forma quase sufocante.
A minissérie se distancia de alguns dos clichês do gênero ao construir uma narrativa mais emocional do que investigativa. Além disso, a produção segue a linha de outras obras escandinavas conhecidas por sua abordagem mais contida. Para quem procura um suspense, O Domo de Vidro é uma opção certeira no catálogo da Netflix.