Adolescência: Por que série da Netflix não tem chances de ganhar 2ª temporada

Séries com finais marcantes costumam gerar especulações imediatas sobre continuações.  Quando o assunto é uma produção de sucesso na Netflix, as expectativas crescem ainda mais, pois o streaming tem histórico de imprevisibilidade quanto a suas séries. 

É o que está acontecendo com Adolescência, minissérie britânica que virou a maior sensação da plataforma nas últimas semanas e tem despertado questionamentos sobre a possibilidade de uma segunda temporada. Apesar do sucesso expressivo, a resposta mais provável para os fãs é que ela não terá continuação.  A decisão não é fruto de falta de audiência ou interesse, mas está diretamente ligada ao formato e aos objetivos narrativos da produção.

Adolescência foi criada desde o início como uma minissérie. Com apenas quatro episódios, a produção tem começo, meio e fim muito bem definidos.  Os criadores Stephen Graham e Jack Thorne deixaram claro que queriam encerrar a trama no mesmo lugar onde ela começou: o quarto de Jamie Miller, meses após sua prisão. 

Uma história feita para acabar

O episódio final marca esse ponto de encerramento, finalizando a narrativa sem a necessidade de prolongamentos.  Os roteiristas optaram por destacar que, mesmo com uma boa estrutura familiar, Jamie foi levado ao crime por influências externas, em especial conteúdos misóginos disseminados online.  O fechamento é simbólico, doloroso e, acima de tudo, conclusivo. 

Mesmo que existam questões em aberto — como o futuro da família Miller ou a reação da escola após o crime —, a série não tem a intenção de resolvê-los.  A proposta nunca foi oferecer todas as respostas, mas provocar reflexão. E isso ela faz sem precisar de mais episódios. 

Além das escolhas narrativas, há também uma razão estratégica para a série permanecer como uma produção limitada.  A Netflix tem investido pesado nessa categoria e colhido bons frutos.  Séries como Babê Rena e Treta, por exemplo, renderam prêmios importantes ao serviço de streaming por justamente manterem sua proposta original intacta. 

Limitações criativas e estratégicaS

Transformar Adolescência em uma série contínua, com retorno de personagens ou tramas estendidas, faria com que ela perdesse a elegibilidade em categorias de minisséries em premiações como o Emmy.  Isso a colocaria em uma disputa muito mais acirrada, onde títulos como Ruptura e The Last of Us já são esperados.  Uma saída possível seria transformar a série em uma antologia, com novas histórias e personagens a cada temporada, como já aconteceu com outras produções da plataforma.  

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