South Park estreou sua 27ª temporada na última quarta (23) no Paramount+. O primeiro episódio já causou polêmica. Intitulado O Sermão da Montanha, o capítulo faz críticas diretas ao ex-presidente Donald Trump, à emissora Paramount e ao atual clima político dos Estados Unidos. Por causa do conteúdo provocador, há quem acredite que o episódio pode ser censurado ou retirado do ar em breve, como já aconteceu com outras edições da série.
A nova temporada sofreu atraso por conta da fusão da Paramount com a Skydance. Os criadores da série, Trey Parker e Matt Stone, criticaram publicamente a situação e chamaram o processo de “show idiota”. Mesmo após um acordo bilionário com a Paramount+, os dois chutaram o balde e atacaram tudo e todos logo na estreia.
No episódio, Eric Cartman passa por uma crise ao perceber que ser “woke” saiu de moda. Ele sente que racismo, machismo e homofobia viraram algo comum e, por isso, suas provocações perderam impacto. Isso o deixa frustrado por não se sentir mais especial.
A história fica ainda mais polêmica quando o diretor da escola, conhecido como “Diretor PC”, muda seu nome para “Diretor Pregador de Cristo” e decide levar Jesus de verdade para a escola, ignorando a separação entre religião e Estado. Em um momento cômico, Randy Marsh até pergunta ao ChatGPT se isso seria permitido.
South Park está mais furioso do que nunca
Enquanto isso, descobrimos que o Sr. Garrison, que antes fazia o papel de presidente, voltou para South Park. No lugar dele, surge uma paródia nada sutil de Donald Trump, feita com um recorte do rosto real do presidente. Ele é retratado de forma exagerada: grita com todos na Casa Branca, ameaça processar qualquer um que encontre e se irrita com um pintor que o retrata com um pênis pequeno – algo que o episódio mostra literalmente, num dos momentos mais ousados da televisão aberta.
Em outra cena absurda, Trump aparece dividindo a cama com Satanás. A trilha sonora é a mesma cantada por Saddam Hussein no antigo filme da série, e Satanás chega a dizer que Trump o faz lembrar de um ex-namorado. A provocação é clara: ligar Trump ao diabo para mostrar o quanto a série o enxerga como uma figura negativa.
O episódio também critica a mídia e a própria Paramount. Cartman reclama da falta da NPR, emissora de perfil mais liberal, e há piadas diretas contra a Paramount, dona do canal Comedy Central. Quando os moradores da cidade tentam protestar contra o presidente, até Jesus pede para que parem, com medo de que sejam processados, como aconteceu com figuras como o comediante Stephen Colbert.
No final, a cidade é convencida a veicular propaganda pró-Trump. Essas propagandas são feitas com inteligência artificial e mostram o ex-presidente como um tipo de messias, andando pelo deserto, tirando a roupa e “carregando os pecados da humanidade”. A última cena mostra o pênis de Trump falando com ele e dizendo que aprova a mensagem.
Não se sabe por quanto tempo o episódio ficará no ar, mas ele marca uma volta agressiva de South Park, com críticas afiadas, provocação política e uma abordagem mais furiosa do que o normal. A temporada mal começou, e já deixou claro que não vai pegar leve com ninguém.
South Park está disponível no Paramount+.