
A série Tremembé, lançada nesta sexta-feira (31) pelo Prime Video, chamou atenção ao retratar o cotidiano do presídio mais famoso do Brasil. Inspirada em casos reais, a produção mistura drama, suspense e crítica social, e um dos elementos que mais intrigou o público foi a figura de Sandrão, uma mulher imponente envolvida em romances com personagens baseadas em Suzane von Richthofen e Elize Matsunaga.
Mas quem foi a mulher real que inspirou a personagem? Conhecida fora da ficção como Sandra Regina Gomes, a verdadeira Sandrão foi protagonista de um dos triângulos amorosos mais polêmicos da história recente do sistema prisional brasileiro.
Quem é Sandrão
Sandra Regina Gomes, apelidada de Sandrão pelas colegas de cela, foi condenada em 2003 pelo sequestro e homicídio de um adolescente de 14 anos na zona sul de São Paulo. Segundo as investigações, Sandrão e um comparsa exigiram um resgate de R$ 40 mil – depois reduzido para R$ 3 mil -, mas a vítima acabou sendo morta com um tiro.
O crime rendeu à ré uma sentença de 27 anos de prisão por sequestro seguido de morte. Ela foi transferida para a Penitenciária de Tremembé, onde se tornaria uma figura conhecida por seu porte físico, personalidade dominante e influência sobre as demais presas.
Dentro da penitenciária, Sandrão ganhou destaque entre as detentas por sua postura protetora, mas também autoritária. Fontes relatam que ela era respeitada e temida ao mesmo tempo – uma figura de liderança informal entre as internas.
O relacionamento com Elize Matsunaga
Antes de se envolver com Suzane, Sandrão manteve um relacionamento afetivo com Elize Matsunaga, condenada em 2016 pelo assassinato e esquartejamento do marido, o empresário Marcos Kitano Matsunaga, herdeiro da Yoki.
De acordo com relatos de ex-funcionárias e fontes próximas ao presídio, a relação entre Sandrão e Elize teria começado durante atividades no pátio e se consolidado como uma parceria afetiva dentro da prisão. Embora o envolvimento não tenha sido oficializado em registros públicos, as duas eram vistas juntas com frequência e compartilhavam a mesma cela por determinado período.
Essa convivência teria sido marcada por companheirismo e apoio mútuo, mas também por ciúmes e disputas que se tornaram assunto dentro da unidade prisional.
O namoro com Suzane von Richthofen
Após o afastamento de Elize, Sandrão iniciou um relacionamento com Suzane von Richthofen, condenada pelo assassinato dos pais em 2002. O caso ganhou ampla repercussão quando veio à tona, em 2014, que Suzane e Sandrão haviam oficializado a união dentro da penitenciária por meio de um “reconhecimento afetivo” – um procedimento autorizado pelo sistema prisional para formalizar parcerias entre detentas.
O casal passou a dividir a mesma cela e manteve a relação por cerca de três anos. Fontes afirmam que Sandrão era uma figura protetora e que o romance trouxe mais estabilidade emocional a Suzane, que na época trabalhava na oficina de costura e participava de atividades religiosas.
No entanto, o relacionamento terminou de forma conturbada, e as duas se afastaram definitivamente. Pouco tempo depois, Suzane passou a se envolver com um homem que conheceu durante saídas temporárias – o que resultaria, anos mais tarde, em seu casamento fora da prisão.
A figura de Sandrão na série Tremembé
Na ficção, Sandrão é retratada como uma personagem central dentro do presídio: uma mulher forte, protetora e temida, que mantém relações complexas com outras detentas. A série utiliza o triângulo amoroso com Suzane e Elize como metáfora para as dinâmicas de poder, desejo e sobrevivência no ambiente prisional.
Os criadores da produção explicaram que o enredo se baseia em fatos reais, mas com liberdade artística. Assim, embora a personagem seja claramente inspirada em Sandra Regina, o roteiro mistura realidade e ficção para explorar temas mais amplos, como solidão, culpa e necessidade de afeto em um ambiente marcado por violência e isolamento.
Na vida real, Sandrão foi considerada uma detenta de comportamento disciplinado e, ao longo dos anos, tornou-se referência entre as presas mais antigas da unidade.
O que aconteceu com Sandrão
Atualmente, Sandra Regina Gomes cumpre os últimos anos de sua pena. Ela passou por regimes de progressão e chegou a trabalhar em oficinas e serviços internos. Pouco se sabe sobre sua situação recente, já que a detenta evita contato com a imprensa e não possui histórico público de entrevistas ou aparições após a fama repentina trazida pelos romances e pela série.
A inclusão de sua história em Tremembé reacende o debate sobre as relações afetivas dentro das prisões femininas e o papel dessas conexões na sobrevivência emocional das presas. A trama também levanta discussões sobre como o público consome essas narrativas, transformando casos reais em entretenimento e alimentando o fascínio pelo crime e pela vida atrás das grades.
Os cinco episódios de Tremembé estão disponíveis no Prime Video.
