
Prepare-se: o universo de Yellowstone está prestes a mudar, e isso está tirando o sono de muita gente. Depois de sete anos com Taylor Sheridan comandando sozinho cada roteiro, cada diálogo e cada reviravolta da franquia, o anúncio de Y: Marshals, o novo spin-off centrado em Kayce Dutton, pegou os fãs de surpresa. E não só pelo tema, mas por marcar a primeira vez em que Sheridan não será o principal roteirista de um capítulo dessa saga tão amada.
O que está em jogo? Bem, tudo. Afinal, Sheridan não é apenas o criador, mas a alma de Yellowstone. Ele definiu o tom, o ritmo e a profundidade emocional que transformaram a série num fenômeno mundial. Agora, a pergunta que paira no ar é simples e dolorosa: será que o universo dos Dutton consegue sobreviver sem sua principal voz?

O toque inconfundível de Taylor Sheridan
O que Taylor Sheridan fez em Yellowstone não é comum no mundo das séries. Ele não só criou o universo, como também escreveu cada episódio e garantiu que tudo tivesse sua marca: diálogos intensos, conflitos humanos profundos e uma fotografia que mistura beleza e brutalidade. O único paralelo recente talvez seja Julian Fellowes em Downton Abbey, que também escreveu tudo sozinho para manter uma unidade criativa.
Não é exagero dizer que Sheridan é o coração da franquia. Em Yellowstone, 1883 e 1923, foi sua mão que moldou cada arco dramático. Quando a Paramount tentou criar uma sala de roteiristas na terceira temporada de Yellowstone, os próprios atores se revoltaram. Resultado? Sheridan foi chamado de volta às pressas para reescrever todos os roteiros, enquanto ainda dirigia um filme com Angelina Jolie no Novo México. Ou seja, o homem é praticamente uma máquina criativa.

Por que o spin-off de Kayce preocupa tanto?
Y: Marshals traz uma proposta ousada: transformar Kayce Dutton, vivido por Luke Grimes, em protagonista de uma série procedural no estilo caso-da-semana. Ele agora será um marshal enfrentando crimes e conflitos em Montana, principalmente nas reservas indígenas. Sai o drama familiar denso e entra uma estrutura mais próxima das séries policiais clássicas, algo que nenhum outro título da franquia tentou.
E o mais impactante: Sheridan não será o showrunner nem o roteirista. Ele estará apenas como produtor executivo, deixando as rédeas criativas para Spencer Hudnut, conhecido pelo sucesso de SEAL Team. É claro que isso pode trazer frescor para a franquia, mas também levanta dúvidas sobre a perda do tom que sempre foi marca registrada do universo Dutton.

O risco para a essência de Yellowstone
Quem acompanha Yellowstone sabe: não se trata só de cowboys, cavalos e paisagens deslumbrantes. O coração da série sempre esteve nas relações humanas, os conflitos, as lealdades, os segredos e traições dentro da família Dutton. Um formato procedural, com casos isolados a cada episódio, pode esvaziar essa camada emocional e transformar Kayce em apenas mais um herói de ação.
Além disso, a mudança para a TV aberta, no caso a CBS, implica em menos liberdade criativa. Menos violência gráfica, menos ousadia nos roteiros, menos sexo, ingredientes que ajudaram Yellowstone a se destacar no streaming e no cabo. O medo dos fãs é legítimo: será que estamos prestes a ver uma versão “diluída” desse universo tão intenso?

Há esperança para Y: Marshals?
Nem tudo é motivo para desespero. Hudnut tem experiência comprovada em construir dramas militares e de ação que prendem o público, como mostrou em SEAL Team. Além disso, a presença de Luke Grimes como protagonista e produtor executivo indica que há um cuidado em manter a essência do personagem. Grimes só aceitou voltar porque acreditou no novo rumo para Kayce, o que é um bom sinal.
E, claro, Sheridan ainda está por perto, mesmo que não à frente dos roteiros. Ele também tem outros projetos em andamento, como Dutton Ranch (focado em Beth e Rip) e o aguardado prequel 1944, que ele vai escrever pessoalmente. Isso mantém vivo o DNA criativo que fez o público se apaixonar pelo universo dos Dutton.
Yellowstone está disponível na Paramount+.