Lançada recentemente pela Netflix, Medo Real (True Haunting) rapidamente chamou atenção por sua combinação de terror psicológico e formato documental. Produzida por nomes ligados ao gênero de horror, como James Wan (diretor de Invocação do Mal), a série apresenta casos supostamente verídicos de pessoas que viveram experiências paranormais e nunca se recuperaram totalmente do trauma.
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Com reconstituições cinematográficas, depoimentos e arquivos reais, Medo Real explora duas histórias diferentes, cada uma dividida em episódios: o caso do dormitório Erie Hall, em Nova York, e a assombração da casa de April Miller e Matt Wilson. Mas o que realmente existe de verdade por trás dessas histórias que parecem saídas de um filme de terror?
O caso Erie Hall: a assombração universitária de 1984
A primeira metade da série se passa em 1984, na Universidade de Geneseo (Nova York), onde o estudante Chris Di Cesare relatou ter sido atormentado por uma entidade dentro do dormitório Erie Hall, quarto C2D1.
O jovem afirmava ouvir vozes chamando seu nome, ver sombras e sentir presenças dentro do quarto. Junto com amigos, ele registrou os eventos e chegou a procurar ajuda de padres e investigadores paranormais — entre eles, o famoso casal Ed e Lorraine Warren, conhecidos pelos casos que inspiraram Invocação do Mal.
O espírito que o perseguia teria se identificado como “Tommy”, um nome associado ao memorial de um soldado chamado Thomas Boyd, localizado dentro do campus. Até hoje, a história de Erie Hall é uma das mais citadas entre lendas urbanas de universidades americanas.
Fora da série, existem registros reais de alunos que também relataram experiências estranhas no mesmo dormitório durante os anos 1980. No entanto, nenhuma evidência física jamais comprovou as manifestações. O caso se tornou uma mistura de folclore universitário e fascínio coletivo — e Medo Real aproveita essa ambiguidade ao máximo, tornando o terror ainda mais psicológico.
“Esta casa me assassinou”: o segundo arco da série
Nos episódios finais, Medo Real apresenta a história de April Miller e Matt Wilson, um casal que se muda para uma antiga casa vitoriana e passa a vivenciar fenômenos inexplicáveis: portas batendo, vozes sussurrando, sombras, quedas de energia e até inscrições misteriosas surgindo nas paredes.
A frase “This house murdered me” (“Esta casa me assassinou”) dá nome ao caso e sintetiza a atmosfera de medo e desespero que a série retrata.
Embora o caso seja apresentado como “baseado em fatos”, há pouquíssimos registros públicos que comprovem os eventos. O que se sabe é que o casal deu entrevistas a programas e blogs especializados em fenômenos paranormais nos Estados Unidos, relatando traumas e sintomas de estresse pós-traumático após viver na casa.
Mesmo sem provas concretas, a produção constrói um retrato emocional e convincente do impacto que o medo pode ter sobre pessoas comuns — o que parece ser o verdadeiro foco da série.
Fato, mito e dramatização
Assim como Haunted e Mistérios Sem Solução, Medo Real trabalha na fronteira entre documentário e dramatização. As histórias são baseadas em depoimentos reais, mas as cenas são reencenadas com atores, som e fotografia típicos de um filme de terror.
Essa abordagem divide opiniões: enquanto alguns espectadores consideram o resultado envolvente e assustador, outros criticam a falta de fontes verificáveis e o sensacionalismo na narrativa. Ainda assim, o formato se mostra eficaz em reviver lendas urbanas e dar voz a pessoas que afirmam ter vivido o impossível.
No fim, Medo Real não tenta convencer o público de que fantasmas existem — mas de que o medo, quando vivido intensamente, pode ser tão real quanto qualquer assombração.
Conclusão
Os casos de Erie Hall e da casa de April Miller e Matt Wilson permanecem sem explicação conclusiva, mas seguem alimentando o imaginário popular há décadas.
Entre memórias, traumas e coincidências, Medo Real transforma velhas lendas em uma experiência cinematográfica sobre o poder do medo — e como ele pode assombrar muito depois que as luzes se apagam.
Os cinco episódios de Medo Real estão disponíveis na Netflix.
