A série sul-africana da Netflix, Má Influencer, acompanha a trajetória de duas mulheres que se envolvem no perigoso mundo das falsificações nas ruas de Joanesburgo. Endividada e ameaçada por agiotas, uma mãe solteira chamada BK sobrevive produzindo e vendendo bolsas de luxo falsificadas para clientes ricos. Quando cruza o caminho de uma influenciadora digital conhecida como “Qween Pinks”, ela percebe que pode lucrar muito mais.
A influenciadora e a falsificadora unem forças: enquanto Qween Pinks usa sua popularidade para promover as bolsas falsas online, BK é responsável por desenhar os produtos.
Criada por Kudakwashe “Kudi” Maradzika, a série policial mergulha nos desafios enfrentados pelas duas mulheres ao lidarem com criminosos perigosos, a polícia e outros envolvidos nesse comércio ilegal. A trama explora temas como lealdade, sobrevivência, crime, amizade e a cultura dos influenciadores.

Uma ficção sobre redes sociais e crime
Má Influencer foca principalmente na produção e venda de bolsas de luxo falsificadas pela internet, utilizando as redes sociais como meio de divulgação. Escrita por Kudi, Daniel Zimbler e Sydney Dire, a série investiga como o crime e a tecnologia se entrelaçam. Apesar de ser uma história fictícia, o universo dos influenciadores é retratado de forma sensível e multifacetada. A narrativa discute como consumidores vulneráveis podem ser afetados por estratégias de marketing enganosas.
A própria criadora, Kudi, revelou à Glamour que suas experiências pessoais ajudaram a moldar a história:
“Eu já quis ser influenciadora e cheguei a ser convidada para eventos de marcas. Mas, como jornalista, comecei a perceber que esse mundo é muito mais complexo do que parece. Entrei no Realness X Episodic Lab e apresentei a ideia. Depois contratei roteiristas e passei 18 meses criando esse universo. Má Influencer explora como as redes sociais moldam nossas identidades, ambições e bússola moral, especialmente em uma sociedade obcecada por imagem.”
A série também levanta questões éticas reais: o dinheiro obtido com a venda de falsificações não serve apenas para sustento, mas é usado para financiar o tráfico de armas e drogas. Assim, o roteiro examina a moralidade social através da trajetória de uma mulher desesperada para escapar da pobreza, retratando o elo entre o crime e o mundo digital. Embora se passe em Joanesburgo, os temas têm relevância global.

Má Influencer examina o contrabando de falsificações na África do Sul
Um dos eixos centrais da trama é o comércio de bolsas de luxo falsificadas. Embora a série use licenças criativas para entreter, ela reflete uma realidade preocupante.
Segundo o News24, em 2025 a polícia de Bloemfontein prendeu seis estrangeiros e apreendeu mais de 13 mil itens falsificados avaliados em mais de 19 milhões de rands, incluindo roupas, calçados, bolsas e joias de marcas de luxo. Outro relatório, do The Citizen, relatou a apreensão de produtos falsos avaliados em 20 milhões de rands em Bruma, perto de Joanesburgo, com 35 prisões.
Esses dados revelam como a alta demanda por artigos de luxo na África do Sul alimenta um mercado de falsificações e fraudes. Embora Má Influencer seja uma obra de ficção, muitos elementos refletem problemas reais enfrentados pela população local.

Qween Pinks: a influenciadora fictícia em busca de relevância
Entre as personagens principais está Qween Pinks, a influenciadora que se envolve com BK e passa a usar suas redes sociais para vender produtos falsos. Embora seja fictícia, ela simboliza a “cultura do corre” e o lado obscuro da economia digital, em que influenciadores comercializam produtos ilegais disfarçados de originais.
Casos semelhantes já ocorreram na vida real. Em 2025, o The Straits Times noticiou que o Tribunal Superior de Singapura condenou o vendedor do Instagram Ng Hoe Seng a pagar 200 mil dólares em indenização à Louis Vuitton por vender produtos falsos, incluindo capas de celular e carteiras, como se fossem genuínos.
A criadora Kudi explicou à revista Shock:
“A série tem algo a dizer. E não se trata de julgamento, mas de humanizar esse mundo e as pessoas que o habitam.”
Assim, Qween Pinks representa uma figura simbólica — uma mulher tentando sobreviver em um universo movido por aparência e ambição, no qual as fronteiras entre o real e o falso se tornam cada vez mais tênues.
Má Influencer está disponível na Netflix.

