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Alice in Borderland: 3 vezes em que a 3ª temporada não fez o menor sentido

Nova temporada da série da Netflix tenta expandir o universo de Arisu e Usagi, mas acaba contrariando a própria lógica da história

Alice in Borderland
Alice in Borderland

Alice in Borderland retornou para sua terceira temporada no final de setembro de forma inesperada, já que a jornada de Arisu e Usagi nas duas primeiras temporadas parecia ter chegado a uma conclusão natural. Por isso, muitos consideraram a nova temporada desnecessária. No entanto, ela apresentou um conceito original que funcionou bem, sendo até comparado favoravelmente a Round 6.

Apesar disso, o novo capítulo também trouxe diversos elementos que não fazem sentido e deixaram os fãs frustrados. Algumas situações colocam em dúvida toda a lógica da série, enquanto outras parecem simplesmente acréscimos sem propósito. A seguir, destacamos três momentos que escancaram as falhas de uma temporada ambiciosa, mas inconsistente.

Alice in Borderland
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3) O jogo do trem

Ao longo da série, por mais mortais que fossem os desafios, sempre havia uma maneira de superá-los — fosse com um único sobrevivente ou com todos saindo vivos. No entanto, o jogo do trem envenenado que envolve Ryuji, Usagi e seu grupo não faz o menor sentido. O resultado dependia inteiramente da sorte, sem qualquer lógica ou padrão.

No mangá, o jogo tinha uma estrutura diferente: eram quatro vagões, e apenas o último continha veneno. A ideia era enfrentar o medo da morte nos três primeiros vagões e, assim, “superá-la”. Já na série, essa lógica desaparece completamente, deixando uma grande dúvida sobre como Arisu e sua equipe conseguiram sobreviver. A resposta nunca é explicada.

Alice in Borderland
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2) O bebê não nascido de Usagi é contado como jogador

Somente no jogo final, Usagi descobre que está grávida — e é revelado que o bebê ainda não nascido também é considerado um jogador. Essa decisão contradiz toda a lógica dos jogos anteriores, que nunca sugeriram que o feto estivesse sendo contabilizado.

O jogo do trem, por exemplo, teria sido uma boa oportunidade para introduzir essa informação, talvez incluindo uma máscara de gás extra como pista sutil. Em vez disso, a revelação no final soa forçada e inconsistente com as regras da Borderland. Além disso, o arco de Usagi parece incompleto: sua busca pelo pai e pela verdade nunca é plenamente desenvolvida, deixando suas motivações vagas e mal resolvidas.

Alice in Borderland
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1) A fronteira entre a vida e a morte

No final da segunda temporada, Alice in Borderland havia dado uma explicação satisfatória para seus mistérios: tudo o que os personagens viveram no mundo apocalíptico era fruto de uma experiência de quase-morte, um espaço liminar entre a vida e a morte. Quando Arisu e Usagi retornam à vida sem lembranças do que ocorreu, a série reforça a separação entre os dois mundos.

A terceira temporada, porém, rompe essa lógica. Banda é retratado como um cidadão da Borderland capaz de atravessar para o mundo dos vivos e recrutar novos jogadores. Ann, personagem importante das primeiras temporadas, inexplicavelmente mantém suas memórias e interage com ele. Além disso, há indícios de que Arisu e Usagi também se lembram do que aconteceu.

Essa escolha destrói a fronteira entre vida e morte estabelecida anteriormente. Com a introdução das figuras do Coringa e do Vigia, essa linha se torna ainda mais confusa — e sem qualquer explicação convincente. O resultado é o maior problema da terceira temporada: uma contradição central que enfraquece o próprio conceito que tornou Alice in Borderland tão envolvente.

As três temporadas de Alice in Borderland estão disponíveis na Netflix.