Desde seu lançamento, Invencível conquistou o público com sua abordagem brutal e, de certa forma, inovadora ao gênero de super-heróis. A série do Prime Video se destaca por não suavizar as consequências da violência e explorar ao máximo as possibilidades de seus poderes.
Com a terceira temporada, essa proposta foi ainda mais longe ao mostrar um dom extremamente poderoso, mas ao mesmo tempo grotesco, que se distancia da maneira como outras obras, como Naruto, retratam habilidades semelhantes.
A técnica dos clones das sombras é um dos recursos mais marcantes do ninja protagonista do anime mais famosos do século. No entanto, diferentemente de Naruto, Invencível não evita mostrar o lado mais sombrio desse poder.
A brutalidade por trás da duplicação
A estreia de Multi-Paul na terceira temporada mostrou um uso extremo de suas habilidades. Durante uma tentativa de fuga da prisão, ele precisou encontrar uma maneira de escapar de sua cela e usou sua capacidade de se multiplicar de uma forma inovadora e aterrorizante.
Criando clones incessantemente dentro do espaço limitado, ele superlotou o ambiente até que a pressão física esmagasse suas próprias cópias contra as paredes, forçando a porta a ceder.
A cena foi chocante por diversos motivos. Enquanto em outras mídias a duplicação é vista apenas como uma ferramenta estratégica, em Invencível ela ganha uma perspectiva grotesca. Multi-Paul não apenas criou clones para enganar seus oponentes, mas os sacrificou brutalmente sem hesitação.
O mais chocante é que cada versão de si sabia que seria esmagada, mas ainda assim continuavam surgindo, tornando a sequência uma das mais brutais da série até agora.
A diferença entre Multi-Paul e Dupli-Kate
Multi-Paul compartilha suas habilidades com sua irmã, Dupli-Kate, que também pode criar múltiplas versões de si mesma. No entanto, ao contrário dele, Kate sempre demonstrou um vínculo emocional mais forte com suas cópias. Durante a série, foi estabelecido que todas as suas duplicatas fazem parte de sua consciência, e cada vez que uma delas morre, ela sente o impacto da perda.
Em batalhas anteriores, Dupli-Kate foi vista hesitando em arriscar suas cópias de forma imprudente, o que torna seu contraste com Multi-Paul ainda mais evidente. Ele, por outro lado, parece disposto a sacrificar quantas versões forem necessárias para atingir seus objetivos, tornando-o um personagem muito mais sombrio do que sua irmã.
Enquanto muitas obras tratam clones como descartáveis, a série levanta a questão: esses duplicados realmente são apenas cópias, ou são indivíduos que compartilham memórias e experiências?
Em contraste, Naruto nunca explorou essa complexidade de forma tão profunda. Os clones das sombras do protagonista simplesmente desaparecem quando atingidos, sem deixar rastros de sofrimento ou dor. Essa escolha narrativa faz sentido dentro do tom mais leve e aventureiro do anime, mas evita a questão moral que Invencível faz questão de explorar.
Se a série seguisse a lógica de Invencível, a habilidade de Naruto poderia se tornar muito mais perturbadora. Imaginar clones que sentem dor e experienciam cada derrota antes de desaparecer poderia mudar completamente a percepção do público sobre a técnica.