
Para quem é apaixonado por tramas policiais envolventes e crimes sombrios, a Max oferece uma joia pouco comentada, mas perfeita: Aqueles que Matam (Those Who Kill). A série, que já soma quatro temporadas, é ideal para os fãs de true crime ficcional, com enredos densos, atuações marcantes e uma atmosfera que mistura investigação e tensão psicológica.
Cada temporada apresenta uma história distinta, com novos personagens e crimes que desafiam a lógica e a moral dos envolvidos. A antologia é produzida com um apuro estético notável, com direção precisa e roteiros que sabem dosar ação, mistério e desenvolvimento emocional. É um prato cheio para quem gosta de se perder nos labirintos da mente criminosa.
Inspirada no formato escandinavo de séries policiais — frio, meticuloso e perturbador — Aqueles que Matam entrega investigações profundas, geralmente conduzidas por protagonistas que carregam seus próprios demônios. A série tem o poder de instigar tanto pela complexidade dos casos quanto pelas camadas psicológicas de seus personagens.
Ao longo das temporadas, a produção dinamarquesa mantém a qualidade e eleva o suspense a cada novo enredo, explorando diferentes tipos de violência e motivações humanas. A cada novo caso, o público é lançado em uma nova espiral de tensão, sempre guiado por pistas que nunca são óbvias.

Temporada 1: O início da escuridão
Na primeira temporada, o foco está na detetive Katrine Ries Jensen, que trabalha ao lado do psicólogo forense Thomas Schaeffer para resolver assassinatos brutais cometidos por serial killers. A dupla precisa enfrentar tanto a brutalidade dos crimes quanto os limites emocionais de suas próprias vidas.
Essa fase da série é marcada por episódios que mergulham no perfil psicológico dos assassinos, revelando que a linha entre o bem e o mal pode ser mais tênue do que se imagina. A investigação é tão importante quanto o mergulho na mente humana — o que torna tudo ainda mais inquietante.
A atuação da protagonista é um dos pontos altos, conduzindo a narrativa com firmeza e sensibilidade. A ambientação cinzenta, quase sufocante, ajuda a intensificar o clima de tensão constante que permeia cada episódio.
É uma temporada que convida o espectador a olhar além da superfície dos crimes, questionando o que leva uma pessoa a matar — e o que isso diz sobre a sociedade que a formou.

Temporada 2: Novos personagens, mesmo abismo
A segunda temporada renova o elenco e os crimes, mas mantém o estilo sombrio e psicológico. Aqui, acompanhamos um novo detetive envolvido em uma série de assassinatos com motivações obscuras. A investigação se torna uma corrida contra o tempo para evitar que mais vítimas sejam feitas.
Diferente da primeira, essa temporada foca mais na relação entre o investigador e o assassino, criando um duelo silencioso, quase intelectual, onde cada passo dado por um lado tem uma resposta do outro. O roteiro brinca com a tensão de forma brilhante.
Os temas são mais violentos, mais viscerais, e o espectador é empurrado para uma zona desconfortável — algo que a série faz com maestria. É impossível assistir sem ser afetado por aquilo que se vê e, principalmente, pela forma como se sente.
Ainda que com novos rostos, a atmosfera permanece coerente com o estilo da série, entregando uma história que é ao mesmo tempo independente e conectada ao universo sombrio proposto pela produção desde o início.

Temporada 3: O horror na intimidade
A terceira temporada aposta em uma história mais intimista, quase claustrofóbica. O foco sai um pouco da investigação tradicional e se concentra em uma relação doentia entre vítima e agressor, com capítulos que revelam, aos poucos, a extensão do terror vivido.
Essa temporada é a mais psicológica de todas. O criminoso não é um monstro externo, mas alguém infiltrado no cotidiano, o que torna tudo mais aterrador. O espectador é colocado no lugar da vítima, sentindo o medo, a impotência e o trauma de forma visceral.
A direção opta por planos fechados e silenciosos, explorando os detalhes do olhar e dos gestos. O horror está nos pequenos momentos, nos silêncios e nos segredos revelados lentamente.
É a temporada menos “policial” e mais “psicológica”, mas igualmente intensa. A construção emocional é feita com delicadeza e brutalidade, resultando em um arco narrativo impactante, que fica na mente do público mesmo após os créditos finais.

Temporada 4: Crime e justiça em Conflito
Na quarta e mais recente temporada, a série volta a um ritmo mais investigativo, com foco em um caso que envolve múltiplas mortes e uma teia de corrupção, poder e omissão. A pergunta central não é apenas “quem matou?”, mas “quem permitiu que matassem?”.
A protagonista da vez é uma jornalista investigativa que se vê no centro de uma conspiração quando tenta desvendar crimes abafados pelas autoridades. A tensão é construída tanto pelas descobertas quanto pelo perigo constante de silenciamento.
Essa temporada aborda temas atuais como abuso de poder, violência institucional e a dificuldade de se obter justiça quando o sistema está corrompido. O tom é político e reflexivo, sem perder a força dramática que marca toda a série.
É um encerramento (ou recomeço) que mostra como “Aquele que Mata” sabe se reinventar sem perder sua identidade. A série permanece fiel ao seu DNA sombrio, mas não tem medo de explorar novos formatos narrativos.

Uma obra madura e instigante
Aqueles que Matam é uma série que merece ser descoberta por todos os amantes de thrillers criminais densos e bem escritos. Cada temporada é uma nova experiência, com histórias autossuficientes e atmosferas próprias, mas sempre com o mesmo cuidado narrativo.
É uma produção que respeita a inteligência do público, evitando soluções fáceis ou finais previsíveis. Os roteiros tratam o crime como um fenômeno social, psicológico e moral, não apenas como entretenimento.
Disponível na plataforma Max, a série é um convite à imersão no lado mais sombrio da mente humana — com personagens complexos, crimes perturbadores e investigações que desafiam a lógica e o emocional.
Para quem já assistiu a tudo no gênero e busca algo instigante e bem construído, Aqueles que Matam é uma excelente indicação. Prepare-se para ser envolvido e, muitas vezes, perturbado por essa antologia que não alivia, mas recompensa cada minuto assistido.