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Artista da Semana | Fiona Dourif, a Bart de Dirk Gently

Fiona Dourif em Dirk Gently's Holistic Detective Agency
Fiona Dourif em Dirk Gently's Holistic Detective Agency

Nesta coluna do Observatório do Cinema, intitulada Artista da Semana, elegeremos o ator ou atriz de TV que mais nos impressionou durante os episódios da semana. Em época de fall season, é fácil se perder entre grandes séries e grandes atuações, mas sempre tem aqueles que merecem um destaque.

  • A ATRIZ: Fiona Dourif
  • A PERSONAGEM: A assassina “holística” Bart Curlish
  • A SÉRIE: Dirk Gently’s Holistic Detective Agency, da BBC America

 

Fiona Dourif estava destinada a ser uma musa do cinema/TV de gênero. A atriz de 35 anos é filha de Brad Dourif, ator que há quase três décadas encarna o boneco Chucky na saga O Brinquedo Assassino – e seja destino ou não, após mais de 10 anos de carreira em papeis pequenos, a atriz conseguiu seu grande momento em uma produção que também apela para um público de nicho: Dirk Gently’s Holistic Detective Agency, a amalucada ficção da BBC America.

Estrelada por Elijah Wood como um rapaz “normal” cuja vida é tomada de assalto por um detetive (Samuel Barnett) que ao invés de procurar pistas só “segue o acaso”, a série conta paralelamente a história de Bart Curlish, personagem de Dourif, que parece ter mais ou menos a mesma filosofia de Dirk, com uma diferença: ao invés de solucionar crimes, ela deixa o acaso dizer quem ela deve matar em seguida.

O curioso é que, no mundo de Dirk Gently’s Holistic Detective Agency, Bart não é uma vilã. Há algo de distorcido e manipulado nela que nos deixa perceber seu status mais como vítima do que como criminosa, e não é difícil se ver torcendo por ela, o que torna ainda mais divertido/angustiante quando sabemos que seu próximo alvo é o próprio Dirk. Interpretar esse conflito para o espectador não é fácil, mas Dourif tira de letra.

Caracterizada de forma genial pela produção, com os cabelos sujos e a roupa manchada de sangue, Bart é uma figura grotesca e curiosamente adorável, de uma forma que só uma interpretação verdadeiramente carismática poderia transmitir. Dourif cria um espaço em que o exagero teatral acontece nos momentos certos, e faz nascer uma performance deliciosamente cômica e maravilhosamente envolvente, ao mesmo tempo.

É difícil pensar que a filha de Chucky na vida real é uma atriz de espetacular nuance e sutileza, mas conforme os episódios da primeira temporada se passaram, Dourif mostrou exatamente isso – ela nos revelou sua Bart aos poucos, deixando o roteiro conduzi-la em direção de uma figura mais completa e complexa do que poderíamos esperar.

Nas mãos da atriz, Bart é um reflexo da manipulação mental que sofreu, um agente do caos sem destino fixo, e uma mulher crível lutando contra as próprias noções de si mesma. Equilibrar tudo isso não é um truque que muitas intérpretes conseguiriam realizar com tanta destreza quanto Dourif demonstra.

 

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