Imperdível

Tremembé: O que esperar da série sobre Suzane von Richthofen

Série nacional mergulha na rotina de detentos famosos

Tremembé
Tremembé

A história de Suzane von Richthofen já foi contada sob inúmeros ângulos, mas Tremembé, nova série do Prime Video, se propõe a mostrar algo completamente diferente do habitual em séries do gênero.

Ao invés de revisitar o crime que chocou o país, a produção mergulha no que veio depois, mostrando o cotidiano dentro da penitenciária Doutor José Augusto César Salgado, conhecida como Tremembé, no interior de São Paulo, onde Suzane e outros nomes conhecidos cumprem pena.

A série se afasta do formato tradicional de true crime, adotando um olhar mais íntimo e psicológico sobre os personagens. O primeiro episódio deixa evidente desde o início que os crimes não são o foco, e sim as dinâmicas dentro do presídio que abriga os criminosos mais midiáticos do país.

A prisão dos “famosos” e o peso da notoriedade

Tremembé é conhecido justamente por concentrar detentos que, por conta da exposição pública de seus casos, não podem ser mantidos em presídios comuns. A série retrata esse ambiente com realismo, mostrando o contraste entre o isolamento e as relações de poder que se formam entre os presos.

O primeiro episódio revela o ambiente hostil e hierárquico da prisão, em que cada persona tenta reafirmar seu espaço. Suzane, interpretada magistralmente por Marina Ruy Barbosa, aparece em um papel que exige sutileza. Sua postura fria e manipuladora transmite a complexidade da personagem, sem recorrer a caricaturas, expondo os traços que tornaram Richthofen um “fenômeno”. 

Esse estudo de personagem não acontece apenas com a protagonista. Todas as tuações se destacam por capturar nuances que deixam claro o modus operandi dos criminosos.

Um retrato da realidade

Com apenas cinco episódios, Tremembé irá explorar um crime específico a cada capítulo. A série, no entanto, não tem o intuito de revisitar o passado, mas sim exporar e entender o caminho que levou cada criminoso até Tremembé, e como se formam as relações de poder lá dentro.

Essa abordagem transforma o presídio em um microcosmo da sociedade, onde convivem figuras como Suzane von Richthofen, Daniel e Cristian Cravinhos (Felipe Simas e Kelner Macêdo), Elize Matsunaga (Carol Garcia), Anna Carolina Jatobá (Bianca Comparato) e Alexandre Nardoni (Lucas Oradovschi).

As interações entre eles são construídas com base em informações reais. Muitos dos acontecimentos e até alguns diálogos foram extraídos dos relatos do jornalista Ulisses Campbell, autor dos livros que inspiraram a série. Campbell teve acesso direto ao presídio e acompanhou de perto a rotina dos detentos, o que garante à produção um nível de autenticidade importante para esse tipo de narrativa.

O retrato psicológico por trás das grades

Desde o início, Tremembé deixa claro que o foco não é o crime em si, mas o que acontece depois, com as consequências, o isolamento e o jogo de manipulação que se estabelece entre os presos. O objetivo da série é traçar um retrato psicológico desses personagens, explorando as relações de poder e a dinâmica social dentro das muralhas.

Essa perspectiva torna a série mais densa e incômoda. O presídio é mostrado como um organismo vivo, com suas próprias regras, alianças e disputas. Cada personagem se revela aos poucos, em gestos e olhares, e o espectador é convidado a observar como a culpa, a vaidade e a necessidade de controle moldam as interações naquele ambiente.