Parece que a maldição de adaptações apressadas continua firme e forte no reino da Netflix. The Witcher, que já passou de queridinha do público a alvo de críticas, teve sua quinta, e última, temporada oficialmente iniciada. Isso mesmo, as câmeras já estão rodando, mesmo com a quarta temporada ainda trancada na masmorra da pós-produção, sem previsão de estreia, trailer ou sequer uma sinopse decente. E se você acha que isso soa precipitado, espere até saber o resto…
O streaming decidiu que não adianta esperar a reação do público à troca de protagonista, Liam Hemsworth assumindo o lugar de Henry Cavill como Geralt de Rívia, antes de encerrar a série. A pergunta que fica é: será que aprendemos alguma coisa desde a segunda temporada? Ou estamos prestes a ver The Witcher encerrar sua jornada com o mesmo gosto amargo de tantas outras promessas desperdiçadas?
A pressa da Netflix pode custar o final da série
Antes que o público tenha a chance de se acostumar com o “novo Geralt”, a Netflix já colocou a quinta temporada para andar. As gravações começaram em Cape Town, na África do Sul, uma mudança de cenário para quem estava acostumado com os cenários da Inglaterra. E depois seguem para Londres. Mas o mais curioso (e talvez preocupante) é que essa produção está sendo feita sem saber se a temporada anterior vai agradar os fãs. Isso é quase como cozinhar o jantar antes de saber se a entrada caiu bem.
A essa altura, todo mundo já entendeu que The Witcher não teve uma trajetória tranquila. A primeira temporada empolgou, entregou um universo denso, personagens marcantes e cenas de ação que pareciam prometer uma nova era de fantasia no streaming. Mas a segunda veio com mudanças drásticas nos personagens e no enredo, algumas que pareciam feitas por quem leu um resumo da obra original no Wikipedia. O resultado? Uma queda na qualidade que nem todo o esforço da terceira temporada conseguiu apagar.
A troca de Geralt ainda é um campo minado
Se tem uma ferida aberta entre os fãs, ela atende por dois nomes: Henry Cavill. O ator não era apenas a cara de Geralt, mas também um verdadeiro defensor da fidelidade aos livros. Sua saída pegou todo mundo de surpresa, e a entrada de Liam Hemsworth no papel foi recebida com aquele misto de espanto e desconfiança. Até agora, o que vimos foi apenas um teaser mostrando Hemsworth com a roupa, e vamos combinar, qualquer um com cabelo branco e cara séria pode parecer o Lobo Branco por cinco segundos num vídeo escuro.
Mas o que realmente vai pesar é a atuação. A voz, os gestos, a química com Ciri e Yennefer. Tudo isso ainda é um mistério. E ao começar a gravar a quinta temporada sem saber se o público vai aceitar essa troca, a Netflix assume um risco alto: o de entregar duas temporadas com um protagonista rejeitado, e aí, nem bruxaria salva.
Ciri, os Ratos e o spin-off que virou reciclagem de cenário
Lembra dos Ratos, aquele grupo que resgatou Ciri no final da terceira temporada? Pois é, eles seriam protagonistas de um spin-off chamado The Rats, focado na jornada da princesa fugida sob o codinome “Falka”. Mas os planos mudaram. O tal derivado virou um episódio solto da quarta temporada, e os cenários que seriam usados nesta série foram reaproveitados para a quinta.
Ou seja, o que antes seria um novo braço do universo The Witcher virou apenas pano de fundo para cenas que, espera-se, façam algum sentido. Essa decisão mostra que a Netflix, além de apressada, está economizando no que pode. E quando produção acelerada encontra reaproveitamento de cenário, o resultado costuma ser… digamos… instável.
Erros antigos ainda assombram o futuro da série
A mágoa com a segunda temporada ainda é real. Transformar Yennefer em uma quase vilã, envolvida com Voleth Meir e traindo Geralt e Ciri, foi uma decisão criativamente ousada, no pior sentido possível. A terceira temporada até tentou remendar isso, trazendo a relação mãe e filha entre Yennefer e Ciri, mas tudo ficou corrido, como quem tenta resolver anos de terapia em dois episódios.
O ponto é: os roteiristas já sabem o que não funcionou. Mas saber não significa agir. E até agora, o que se viu foi uma repetição dos mesmos passos, com promessas de fidelidade ao material original que raramente se cumprem. Se a temporada final continuar nesse ritmo, corremos o risco de assistir a um final apressado, cheio de pontas soltas e com aquele gosto de “poderia ter sido épico, mas foi só… ok”.
Ainda há tempo para salvar The Witcher?
Mesmo com todos esses sinais vermelhos, a quinta temporada ainda pode surpreender. O material base é riquíssimo, e a conclusão da saga pode ser adaptada com a profundidade e o peso emocional que os personagens merecem. Mas, para isso, os roteiristas precisarão abandonar a pressa e abraçar a essência da obra de Andrzej Sapkowski.
É preciso dar o tempo necessário para desenvolver os arcos, amarrar as histórias e, principalmente, respeitar os fãs que acompanharam essa jornada cheia de altos e baixos. Um final morno, inconclusivo ou desconectado da construção dos personagens não será perdoado, e com razão.
A boa notícia? Ainda dá tempo. A má? As escolhas feitas até agora não inspiram muita confiança. Se essa for mesmo a última dança de Geralt, Ciri e Yennefer, que ela seja memorável. Do contrário, The Witcher pode entrar para a lista de séries que começaram com um rugido… e terminaram com um suspiro.
As três temporadas de The Witcher estão disponíveis na Netflix.