Vingança

The Last of Us corrige um erro de 5 anos atrás dos jogos que não fazia sentido nenhum

A série da HBO reescreve o pior momento de The Last of Us Part II.

Bella Ramsey em The Last of Us
Bella Ramsey em The Last of Us

Desde que a HBO estreou sua versão de The Last of Us, os fãs perceberam algo raro: uma adaptação de videogame que respeita a obra original, mas que também sabe corrigir seus deslizes.

Na segunda temporada, mais precisamente no terceiro episódio, a série toma uma decisão corajosa, e necessária, ao ajustar o arco de um personagem descaracterizado no game: Tommy Miller.

Tommy no jogo
Tommy no jogo

No jogo, Tommy age como se nunca tivesse amadurecido

A maior crítica dos fãs ao jogo é clara: a partir do momento em que Joel morre, Tommy vira outra pessoa. O irmão racional desaparece, dando lugar a alguém movido exclusivamente pela raiva. Ele abandona tudo, até mesmo Ellie, para caçar Abby sozinho. 

É uma atitude tão impulsiva e fora de caráter que nem parece o mesmo homem que um dia se afastou de Joel por não conseguir conviver com sua violência. Isso destoa completamente da construção feita no primeiro jogo. É como se o roteiro tivesse forçado um conflito só para justificar a jornada da protagonista, mesmo que às custas da coerência de outro personagem.

Tommy na série
Tommy na série

A HBO transforma Tommy em alguém mais real e mais forte

Na série, esse deslize não acontece. Quando Ellie e Dina pedem apoio para ir atrás de Abby, Tommy até considera. Mas ele hesita. Ele pensa. Ele conversa com o terapeuta da cidade e mostra preocupação com o caminho que Ellie está trilhando. Isso não é fraqueza, é maturidade. Ele entende que justiça e vingança nem sempre andam juntas.

Ele não se joga em uma missão suicida. Não deixa a família para trás. E, ainda mais importante: ele não pressiona Ellie. Ele a ouve, confia nela, mas reconhece que precisa cuidar de Jackson, de Maria, do filho. É uma versão muito mais rica do personagem, alguém que reconhece a dor, mas se recusa a ser engolido por ela.

O ponto aqui não é que Tommy não tenha motivos para querer justiça. Claro que tem. Joel era seu irmão, seu último elo com o passado. Mas querer justiça não é o mesmo que sair atirando em tudo.

Bella Ramsey e Gabriel Luna em The Last of Us
Bella Ramsey e Gabriel Luna em The Last of Us

Ellie também ganha força ao ter que agir sem o apoio de Tommy

Curiosamente, a ausência de Tommy ao lado de Ellie torna sua decisão de partir ainda mais poderosa. Ela não está sendo levada por ninguém. Não está seguindo um plano traçado por outra pessoa. Está indo porque acredita que precisa. Porque sente que, se não for, vai trair tudo que viveu com Joel.

O discurso de Ellie diante do conselho de Jackson é um dos momentos mais marcantes da série. E ele só funciona porque a série construiu um ambiente onde Ellie é desafiada a tomar essa decisão com consciência. 

Ela tenta seguir as regras. Tenta agir nos limites da comunidade. Mas quando o sistema falha, ela escolhe seguir o coração. E isso dá muito mais peso à jornada dela, do que qualquer impulso vingativo vindo de fora.

The Last of Us está disponível na Max. A 2ª temporada é transmitida semanalmente, aos domingos, a partir das 22h. O episódio final da temporada será lançado no dia 25 de maio.

 

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