O desfecho da 1ª temporada de Seus Amigos e Vizinhos, disponível no Apple TV+, entrega uma reviravolta emocional e moral que poucos esperavam. O protagonista, Coop, vê sua vida ruir diante de uma acusação de assassinato, enquanto o espectador é puxado para um turbilhão de escolhas duvidosas, segredos revelados e um dilema ético que marca cada personagem.
Mas afinal, o que o final realmente significa? E por que ele mexe tanto com quem assiste?
Coop quase desiste da própria liberdade
Logo de início, o espectador é colocado diante da pior fase da vida de Coop: preso por um crime que não cometeu. O choque é grande, mas o mais perturbador é vê-lo cogitar aceitar um acordo que o condenaria a anos de prisão. Mesmo sendo inocente, ele se vê encurralado por um sistema que exige provas, não verdades. A injustiça aqui não é apenas legal, mas emocional.
A decisão de transferir seus bens para Mel e garantir o futuro financeiro dos filhos mostra o quanto Coop está disposto a se sacrificar. Mas o que poderia ser seu fim, vira o ponto de virada quando Mel o confronta e reacende nele a vontade de lutar. A cena em que ele repara nas chamadas apagadas do celular de Sam é a faísca que reacende a investigação, e a esperança.
O detalhe que muda tudo no caso de Paul Levitt
É quando Coop repara que seu número não aparece nos registros de Sam que a trama dá um salto. A existência de um segundo celular levanta suspeitas cruciais, mas sem o aparelho físico, nada pode ser feito. Ainda assim, Coop insiste. E é aí que entra Elena, em uma missão quase suicida: invadir a casa de Sam para buscar provas.
O achado não é o celular, mas algo muito mais poderoso, uma carta de Paul, revelando que ele tirou a própria vida. Isso não só inocenta Coop como expõe uma mentira cruel de Sam, que manipulou toda a narrativa para proteger seu interesse financeiro. A frieza com que ela encobre o suicídio para garantir o seguro deixa um gosto amargo no espectador.
Por que Coop recusa voltar ao antigo emprego
Após provar sua inocência, Coop recebe uma oferta tentadora: voltar à antiga empresa, agora em crise sem ele. A proposta é generosa, com lucros altos e viagens internacionais. Mas há algo quebrado em Coop que nenhum salário conserta.
Ele recusa, e mais: se vinga. Ao saber que seu antigo chefe estará fora em viagem, Coop invade sua casa e rouba uma valiosa obra de arte. Não é só vingança, é também um grito de liberdade. Ele não quer mais voltar ao ciclo tóxico que o afastou da família. Mesmo com o risco de voltar a se complicar, ele escolhe seguir no caminho dos furtos, e isso diz muito sobre quem ele se tornou.
Mel e Coop: reaproximação, mas com ressalvas
O relacionamento de Coop e Mel passa por um renascimento silencioso. Apesar da traição no passado, o tempo, e as cicatrizes, os aproximam. O reencontro dos dois durante o baile de arrecadação de fundos é simbólico: eles dançam, trocam olhares e admitem que ainda há amor.
Mas Mel, agora mais madura, decide ficar sozinha por um tempo. Ela reconhece seus sentimentos, mas também entende que precisa se reencontrar como mulher, antes de ser novamente esposa de alguém. Coop aceita. Ambos sabem que o amor está ali, mas talvez seja cedo demais para reconstruir algo com tantas rachaduras.
A verdade sobre Sam: justiça ou impunidade?
Sam, a verdadeira responsável por toda a confusão, tem um desfecho que divide opiniões. Ao ser confrontada com a carta de Paul, tudo desmorona: ela sabia da verdade desde o começo, mas preferiu manipular a cena para transformar um suicídio em assassinato. Tudo para conseguir o dinheiro do seguro.
A justiça, no entanto, é relativa. Como Paul tirou realmente a própria vida e Sam ainda não havia resgatado o dinheiro, ela não pode ser acusada de fraude. O que sobra é uma acusação menor, obstrução de justiça, que resulta apenas em serviços comunitários. É revoltante, mas coerente com a forma como a série trata a moralidade: como um campo cinzento, onde nem sempre o certo vence.
Coop segue o caminho do crime?
Talvez o ponto mais chocante do final seja a aceitação de Coop sobre sua nova identidade. Mesmo depois de tudo, ele não volta atrás. Ao roubar novamente, deixa claro que aquele novo mundo sombrio lhe é confortável, e, de certa forma, necessário. A adrenalina, a sensação de controle, a liberdade… tudo isso o seduz.
É possível que essa escolha sabote qualquer chance de redenção que ele tenha com Mel, com seus filhos ou com ele mesmo. Mas para Coop, o velho mundo corporativo representa prisão, e o mundo do crime, curiosamente, oferece a única liberdade que ele conhece.
Seus Amigos e Vizinhos está disponível no Apple TV+.