Se você achava que já tinha visto tudo em termos de séries de vingança, é melhor se preparar. Sem Piedade, nova produção sul-coreana da Netflix, chega como um soco no estômago, e faz questão de deixar marcas.
Na trama, acompanhamos Nam Gi-jun, um ex-gângster que largou o submundo do crime há mais de uma década. Mas quando seu irmão mais novo é brutalmente assassinado, ele é puxado de volta para um universo que jurou nunca mais tocar.
O verdadeiro assassino de Gi-Seok é a peça-chave de toda a destruição
Durante quase toda a série, o grande mistério parecia ser: quem matou Gi-Seok? O irmão de Gi-Jun foi assassinado, iniciando uma espiral de vingança que arrasta todos para o fundo do poço. No entanto, o culpado não é quem todos imaginavam.
Na reta final, descobrimos que o responsável pela morte de Gi-Seok é Kaneyama, um assassino procurado pela Interpol. E, para deixar tudo ainda mais torcido, ele estava a serviço de Geum-Son, o filho do líder da gangue Juwoon, e um promotor de Justiça. A escolha de um assassino estrangeiro para executar o crime só reforça o nível de manipulação envolvido. Gi-Seok foi apenas o primeiro dominó a cair. O plano de Geum-Son era bem maior e envolvia a destruição de toda a velha guarda.
Geum-Son: o vilão silencioso
À primeira vista, Geum-Son parecia apenas mais um filho de mafioso tentando fugir da sombra do pai. Mas, aos poucos, ele se revela como o verdadeiro arquiteto do caos. Ao se aliar a Yeong-Do, um policial corrupto, Geum-Son manipula os dois lados da guerra entre Juwoon e Bongsan.
É curioso como ele age nas sombras enquanto todos os holofotes estão sobre Jun-Mo. Geum-Son é quem move as peças com frieza e ambição desmedida, traindo aliados, arquitetando mortes e manipulando a narrativa. Tudo isso com o objetivo de herdar o império que seu pai tentou mantê-lo longe. E ele quase consegue.
A queda de Yeong-Do expõe a podridão do sistema
Yeong-Do é mais do que um vilão comum: ele é o símbolo de um sistema que permite que figuras corruptas se perpetuem no poder. Ele não apenas facilitou os crimes de Geum-Son, como também foi o grande responsável por transformar a rivalidade entre Juwoon e Bongsan em uma guerra declarada.
Com um arsenal de gravações comprometedoras, Yeong-Do controlava todos à sua volta. Mas Gi-Jun finalmente encontra a prova que precisava para derrubar o esquema, entregando-a a Hae-Bom, o último amigo leal de seu irmão. A ironia é amarga: Yeong-Do sempre agiu nos bastidores e, mesmo assim, causou mais destruição que qualquer outro personagem.
LEIA TAMBÉM
A “vitória” de Geum-Son dura pouco, mas diz muito
Geum-Son até consegue o que queria: com o apoio dos homens de confiança de ambos os clãs, ele funde Juwoon e Bongsan, assumindo o controle. No entanto, essa conquista se desmancha no ar. Pouco depois, ele é investigado por assassinato e perde o cargo de promotor. Sem o título, sem o pai e sem aliados, Geum-Son percebe que está sozinho, exatamente como sempre esteve.
Seu descontrole cresce. Ele tenta reafirmar sua autoridade com gritos, mas tudo o que consegue é o desprezo. Até mesmo Seong-Cheol, o leal escudeiro do pai, se vira contra ele. O trono que tanto desejou se transforma numa cadeira elétrica.
O embate final entre Gi-Jun e Geum-Son tem mais do que sangue
O último confronto entre Gi-Jun e Geum-Son é brutal, mas também simbólico. De um lado, temos um homem que perdeu tudo e não teme a morte. Do outro, um sociopata que nunca soube lidar com a rejeição. Geum-Son tenta tomar o caminho mais covarde: quer se matar antes que Gi-Jun o elimine. Mas não consegue.
Gi-Jun não apenas o impede de fugir da punição, como o obriga a encarar seu próprio fracasso. “Vá pedir perdão”, diz, antes de ver o inimigo morrer sufocado pelo próprio sangue, exatamente como seu irmão morreu. O ciclo de vingança está completo, mas isso não significa redenção.
Gi-Jun morreu mesmo? O final deixa pistas silenciosas
A cena final mostra Gi-Jun sozinho, sentado diante do fogo, com a presença simbólica do irmão ao lado. Ele finalmente fez justiça, ou pelo menos o que considerava justiça, mas a que custo? Tudo o que ele amava já se foi. A paz que ele buscava nunca veio.
Não há uma confirmação explícita da morte de Gi-Jun. Mas tudo indica que sim. A série o mostra sucumbindo lentamente, talvez por ferimentos, talvez por esgotamento emocional. Mais do que uma morte física, o que vemos é o fim de um propósito. Gi-Jun não tem mais razão para viver. Seu silêncio diante das chamas é o ponto final em uma vida de perdas.
Sem Piedade está disponível na Netflix.
