Com a chegada da segunda temporada de Sandman à Netflix, o público se depara com novas interpretações de figuras mitológicas que ganharam fama através do MCU.
Thor e Loki, por exemplo, são apresentados de maneira radicalmente diferente daquilo que se viu nas telonas nos últimos anos. A série, baseada nos quadrinhos de Neil Gaiman, retoma suas origens mitológicas com fidelidade e sem suavizar traços controversos desses personagens.
Ao contrário da abordagem heróica e fantasiosa da Marvel, Sandman retrata essas figuras como deuses antigos, rígidos e com relações mais complexas entre si. A diferença é sentida logo na primeira aparição do trio Odin, Thor e Loki, que surge como uma das delegações ao novo senhor do Inferno.
Uma visão mais fiel à mitologia nórdica
Na trama da nova temporada, Morpheus herda o controle do Inferno após ser enganado por Lúcifer. Em seguida, precisa lidar com representantes de vários panteões mitológicos que desejam o domínio do local.
Entre eles está o grupo nórdico liderado por Odin, com a presença de um Thor impulsivo e um Loki dissimulado, que pouco lembram seus equivalentes da Marvel e se aproximam muito mais das versões mitológicas conhecidas.
Enquanto no MCU os dois são retratados como irmãos com laços afetivos, Sandman os coloca em posições mais distantes e tensas. Thor rejeita qualquer parentesco com Loki, que insiste em se declarar parte dos Aesir.
Essa dinâmica segue de forma mais próxima às lendas nórdicas originais, onde Loki é mais associado à trapaça e à traição do que a laços de irmandade.
Thor mais bruto e provocador
Na mitologia, Loki é uma figura ambígua, que ora colabora com os deuses, ora é causa de grandes catástrofes. Essa versatilidade também está presente em Sandman, mas com menos glamour e mais melancolia.
O personagem é mostrado como uma figura astuta, perigosa e desconfiada, longe da abordagem mais cômica e empática que Tom Hiddleston trouxe para os cinemas.
Já Thor, em Sandman, surge como um guerreiro rude, com comportamento explosivo e sem qualquer traço de empatia, que, ao tentar flertar com uma demônia durante as negociações, causa um conflito desnecessário e mostra que sua força não é acompanhada de sabedoria.
Ele é apresentado com roupas escuras e simples, contrastando com as armaduras cintilantes da Marvel. O personagem segue mais próximo aos contos nórdicos, onde é conhecido por sua brutalidade e sede de combate, não por sua gentileza ou evolução moral.
Sandman amplia os limites da fantasia
A introdução dos deuses nórdicos em Sandman marca um distanciamento claro do que o público do MCU está acostumado. Isso tem gerado reações nas redes sociais, com comentários que vão desde o espanto até o entusiasmo por ver esses personagens retratados de forma mais “crua” e próxima das lendas.
Ao não tentar imitar a Marvel, Sandman consegue criar uma identidade própria e trabalhar o mito de forma mais simbólica e madura. A série mostra que existe espaço para diferentes interpretações dos mesmos personagens, e que o universo da fantasia pode ir muito além dos padrões estabelecidos pelo cinema de super-heróis.