A segunda temporada de Sandman chega ao fim com o funeral de Morpheus, encerrando um ciclo trágico iniciado com a morte de Orfeu. Os desdobramentos desse ato atingem não apenas o protagonista, mas também todos os habitantes do Sonhar e seus irmãos Perpétuos.
Ao recusar o confronto com as Benévolas, Morpheus escolhe morrer pelas mãos de sua irmã, Morte. Essa decisão encerra sua jornada e abre caminho para Daniel assumir como o novo Senhor dos Sonhos.
Daniel e o peso de um legado
Com a transformação de Daniel em Sonho, inicia-se uma fase de reconstrução. Embora tente recriar o que foi destruído por Lyta e pelas Benévolas, Daniel logo percebe que repetir os passos de Morpheus não lhe trará direção.
A partir de uma conversa com Fiddler’s Green, ele entende que precisa reimaginar o Sonhar sob novas bases, aprendendo com os erros do passado sem se prender a eles.
A resistência de personagens como Matthew e Caim ao novo rei mostra que nem todos estão prontos para aceitar as mudanças, mas Daniel segue em frente, trazendo de volta figuras como Abel, Merv e Corinthian.
Laços de sangue
Durante o funeral, os Perpétuos expressam lamento pela distância que os separou de Morpheus em vida. Desejo e Desespero demonstram arrependimento por não terem cultivado uma relação mais próxima, enquanto Morte se destaca como a única que manteve um vínculo verdadeiro com o irmão. Destruição, por sua vez, já havia se despedido e usa sua presença para orientar o futuro.
Essa reflexão familiar ressoa com os conflitos humanos. O episódio sugere que estar presente é o que realmente importa, e que o tempo perdido é irrecuperável. A entrada de Daniel oferece aos Perpétuos uma nova chance de recomeçar suas relações, sem repetir os erros cometidos com Morpheus.
Novos começos no Sonhar
O encerramento da temporada entrelaça diversas reconciliações. Hob, por exemplo, reencontra Morte e descobre que sua conexão com Morpheus pode se transformar em uma nova amizade com Daniel.
O reencontro entre Lyta e Daniel, agora em sua forma adulta, revela outra camada de despedida. Ela entende que o filho que conheceu não é mais aquele diante dela, e precisa se libertar da culpa acumulada.
Daniel, por sua vez, mostra que não a culpa por seu destino, e Sonho a ajuda a iniciar uma nova fase, livre do peso da perda.
Outros eventos também sinalizam reinícios: a nova versão do Corinthian interage com Johanna Constantine, ainda que o romance pareça apressado; e um último poema das Benévolas, após os créditos, sugere que até as maiores antagonistas contribuíram para o renascimento do Sonhar.
Ao encerrar com tantas retomadas, a temporada propõe uma mudança de paradigma. Sonho se transforma, renasce e é desafiado a fazer diferente. Em vez de repetir padrões ou reconstruir o passado, a nova fase do Sonhar abre espaço para escolhas inéditas.