
A expansão do universo de Dexter parecia garantida com duas séries simultâneas em andamento. Enquanto Ressurreição ganha força e atraí audiência no decorrer das semanas, o prelúdio Dexter: Pecado Original prometia aprofundar os primórdios do protagonista, mas uma reviravolta nos bastidores alterou o futuro da franquia.
Apesar de ter sido renovada oficialmente para uma segunda temporada em abril, Dexter: Pecado Original foi cancelada semanas antes da conclusão da primeira temporada de Ressurreição. A decisão pegou público e crítica de surpresa, especialmente porque o final da série prequel havia deixado diversas pontas em aberto.
Audiência abaixo da expectativa
Um dos principais fatores que levou ao cancelamento foi o desempenho de audiência. Embora Pecado Original tenha tido a maior estreia da história da Showtime, com 2,1 milhões de visualizações nos três primeiros dias e 3,3 milhões na primeira semana, esses números acabaram ofuscados pela estreia de Ressurreição, que ultrapassou 4,4 milhões em sete dias.
A comparação direta entre as duas produções tornou inevitável uma escolha. Apesar do bom desempenho inicial, a Paramount optou por concentrar seus recursos na série com maior retorno imediato.
Isso não significa que Pecado Original tenha sido um fracasso, mas sim que o contexto empresarial pesou mais que a continuidade criativa, e muito disso se deve ao fato de que Michael C. Hall, intérprete original de Dexter, está em Ressurreição, algo que atraiu um público muito maior e mais engajado do que a prequel, onde o ator não aparece.
Outro ponto importante é que, apesar do cancelamento, a linha do tempo da franquia não foi comprometida. A primeira temporada conseguiu estabelecer os fundamentos da juventude de Dexter, Harry e Debra, e ainda introduziu elementos da relação com Brian Moser, o irmão biológico do protagonista.
Reestruturação interna na Paramount
Além da audiência, fatores externos também influenciaram o fim precoce de Pecado Original. A fusão entre a Skydance e a Paramount, oficializada em agosto de 2025, gerou uma série de cortes e cancelamentos em diversas frentes da empresa. Um dos programas afetados foi o tradicional The Late Show with Stephen Colbert, demonstrando que até mesmo projetos consolidados estavam em risco.
Com previsão de demissões e redirecionamento orçamentário, é possível que a interrupção da série prequel tenha sido também uma medida de contenção de custos. Fontes de bastidores indicam que houve uma escolha estratégica de concentrar os investimentos em Ressurreição, considerada mais promissora e bem recebida pela crítica.
Curiosamente, o sucesso de uma série pode ter sido justamente o obstáculo para a outra. Ressurreição acabou se tornando o centro das atenções da Showtime, que decidiu manter o foco em uma produção com potencial para temporadas futuras e maior engajamento.
Um reflexo das mudanças no catálogo
O cancelamento de Dexter: Pecado Original também expõe uma tendência mais ampla na Showtime sobre a redução significativa da produção de conteúdo original. Séries que antes sustentavam o catálogo, como Ray Donovan, Weeds, Californication e Shameless, não foram substituídas por novas produções de peso nos últimos anos.
Com isso, poucos títulos se mantêm ativos atualmente no canal, como Yellowjackets e The Agency. A franquia Dexter, com sua relevância histórica e capacidade de atrair fãs fiéis, se tornou um dos últimos pilares da programadora, o que pode explicar a decisão de preservar apenas a série mais forte.
Para os fãs, infelizmente, essa é uma grande perda. Além de fazer jus à série original, Dexter: Pecado Original aprofundava a mitologia da franquia e teve um desempenho mais do que satisfatório, tanto em público quanto em roteiro. Seu cancelamento é um reflexo de um possivel mal planejamento, e quem sai perdendo são os fãs que poderiam usufruir de duas ótimas séries derivadas.