Pacificador: Quinto episódio muda drásticamente o rumo da série

A nova reviravolta levanta questionamentos sobre o tom da 2ª temporada

Pacificador: Quinto episódio muda drásticamente o rumo da série

Por mais absurda que seja, a presença da águia Eagly sempre foi parte do charme de Pacificador. A relação improvável entre o herói e o animal criou momentos divertidos, mas também emocionantes, sobretudo na primeira temporada. Eagly era mais do que um mascote, era o reflexo do lado mais puro de um protagonista cheio de culpa e contradições.

Na nova temporada, no entanto, a série parece ter cruzado um limite perigoso. O quinto episódio revela que Eagly não é apenas um animal incrivelmente treinado. Ele é, literalmente, uma entidade divina conhecida como Prime Eagle, o rei de todas as águias. A revelação, por mais engraçada que pareça num primeiro momento, escancara um problema maior: a segunda temporada está exagerando nos “power-ups”.

Personagens ganham poderes que não precisam

A primeira temporada funcionava justamente por mostrar um grupo de personagens sem superpoderes tentando fazer a diferença em meio ao caos. Economos, Adebayo, Vigilante e o próprio Pacificador conquistaram o público sendo imperfeitos, falhos, mas criativos e persistentes.

Já na segunda temporada, esse padrão vem mudando. Além de Eagly ganhar status místico, o episódio anterior havia mostrado que Pacificador é o único capaz de controlar uma câmara quântica com potencial de afetar o multiverso e, em seguida, Adebayo também adquire esse conhecimento. O que antes era um grupo de azarões virou uma equipe com um peso que não combina com a proposta original.

Essa mudança de tom pode ser prejudicial, pois parte do apelo da série vinha justamente do contraste entre o absurdo e o mundano. Quando tudo vira absurdo, sem ancoragem emocional ou realismo dentro da própria lógica interna, perde-se o impacto e a identificação.

A intenção de James Gunn pode ser outra

É claro que James Gunn sabe o que está fazendo. O criador da série e novo chefe do DCU tem experiência suficiente para não cometer erros por acidente, e por isso, há quem acredite que esses exageros sejam apenas parte de um arco maior.

Não é improvável que tudo isso sirva para satirizar a própria ideia de superpoderes. Afinal, o lema da temporada é: “Em que mundo eles são os heróis?”. Isso sugere que nem tudo é como parece. A suposta grandeza de Eagly ou de Pacificador pode ruir a qualquer momento, reforçando o lado humano e desajustado desses personagens.

De todo modo, a transformação de Eagly em uma entidade divina e a distribuição de poderes a personagens antes comuns soam como uma mudança de direção drástica, e mesmo que isso seja revertido mais à frente, o simples fato de termos chegado a esse ponto levanta dúvidas sobre o rumo da narrativa.