
Desde que James Gunn assumiu o comando criativo da DC Studios, a dúvida de como Pacificador faria a transição do antigo DCEU para o novo universo iniciado por Superman pairava entre os fãs.
A primeira temporada terminava com a participação da Liga da Justiça de Zack Snyder, incluindo a presença de Jason Momoa (Aquaman) e Ezra Miller (Flash), algo que já não se encaixava mais no novo cenário.
O episódio de estreia da 2ª temporada resolve isso de forma direta: por meio de um retcon. Em vez de usar explicações multiversais para justificar a troca, Gunn opta por uma abordagem mais simples e eficiente.
Tudo que não se encaixava no novo DCU foi regravado e reapresentado em uma sequência de recapitulação intitulada “Anteriormente no DCU…” no início do primeiro episódio.

A substituição da Liga pela Gangue da Justiça
Duas alterações principais definem esse ajuste. A primeira está na fala de Adebayo, que agora não pede reforços da Liga da Justiça, e sim da Gangue da Justiça.
A segunda acontece na cena em que os heróis aparecem: antes eram Superman e Mulher-Maravilha em sombras, com Aquaman e Flash de corpo presente. Agora, são Superman (David Corenswet) e Supergirl (Milly Alcock) em silhueta, acompanhados por Lanterna Verde (Nathan Fillion) e Mulher-Gavião (Isabela Merced), que interagem diretamente.
A piada anterior, sobre o Aquaman transar com peixes, também foi substituída. No novo corte, o alvo da provocação é Guy Gardner, acusado por Pacificador de ser um “tarado por vômito”. A mudança mantém o tom escrachado, mas adapta a cena ao novo elenco e contexto.
Confira a diferença:
Antes

Depois

Por que não usar o multiverso?
Gunn explicou em entrevista ao site Omelete que Pacificador sempre esteve em uma espécie de “dimensão intermediária”. Segundo ele, a DC passava por uma fase caótica e sem regras claras, então fazia sentido reescrever apenas o necessário para adaptar a continuidade.
“Sabíamos que havia mais histórias a contar com o Pacificador”, disse Gunn. “Ele nunca esteve realmente em uma dimensão específica. Eu só peguei as poucas coisas que precisavam ser mudadas e regravei. Ainda não há uma Liga da Justiça no nosso DCU, mas há um grupo que se autodenomina Gangue da Justiça.”
A decisão de fazer o retcon no estilo “só finge que aquilo não aconteceu” também define o tom do novo DCU. Em vez de tentar justificar cada incoerência do passado, Gunn prefere assumir um ponto de partida claro e reorganizar a partir daí. O que funciona continua. O que não encaixa, sai de cena.
Esse tipo de ajuste também reforça a ideia de que o DCU, como nos quadrinhos, é um universo onde diferentes histórias coexistem, mas com espaço para reformulações sempre que necessário.
A 2ª temporada de Pacificador já parte desse princípio, incorporando os eventos de Superman e estabelecendo conexões com ameaças interdimensionais como o Incidente Luthor.

Um novo começo sem apagar o passado
Apesar da reescrita, Gunn mantém boa parte do espírito original da série. O Pacificador continua sendo o mesmo personagem desajustado, tentando provar seu valor em um mundo que vive mudando.
O primeiro episódio é simbólico nesse sentido. Ele fecha as portas para o antigo DCEU, atualiza o público sobre o novo status e ainda entrega ação, humor e subtexto político, tudo aquilo que tornou a série marcante.
Com esse reset elegante e bem-humorado, Pacificador se consolida como o elo oficial entre dois universos e, ao mesmo tempo, como ponto de partida para o que está por vir. O DCU já começou, e ele veio com memória seletiva e um capacete novo.