Desde a estreia, Os Anéis de Poder tem reimaginado os eventos da Segunda Era da Terra-média, adaptando os textos de J.R.R. Tolkien de forma mais fluida do que fiel. Agora, com a terceira temporada em produção, tudo indica que a série do Prime Video seguirá esse caminho, reorganizando acontecimentos fundamentais da cronologia original.
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O fim da segunda temporada deixou várias pontas abertas: a guerra entre Elfos e Sauron, o destino dos Nove Anéis, o surgimento do irmão de Durin VI e o embate entre Gandalf e um misterioso mago sombrio. Cada um desses arcos aponta para transformações profundas na mitologia da série e, principalmente, para uma reinterpretação ousada da linha do tempo de Tolkien.
Sauron ainda está longe de forjar o Um Anel
De acordo com os escritos de Tolkien, o Um Anel foi criado depois que os dezenove Anéis do Poder já haviam sido forjados, por volta do ano 1600 da Segunda Era. Seu objetivo era controlar todos os outros, permitindo a Sauron dominar as mentes de reis e senhores da Terra-média. No entanto, essa conexão revelou suas verdadeiras intenções, e os elfos rapidamente removeram seus anéis, frustrando seu plano.
Na adaptação do Prime Video, Sauron parece agir de forma diferente. A série sugere que ele já pretende distribuir os anéis entre Elfos, Homens e Anões desde o início. Isso muda completamente a lógica de poder estabelecida nos livros e indica que a forja do Um Anel ainda deve demorar, provavelmente acontecendo apenas no final da terceira ou até na quarta temporada.
A queda de Númenor pode acontecer antes do previsto
Outra mudança significativa envolve Númenor, o reino insular dos Homens. Na cronologia original, sua destruição ocorre quase dois mil anos depois da criação do Um Anel, quando o rei Ar-Pharazôn é corrompido por Sauron e tenta invadir as Terras Imortais em busca de vida eterna. Como punição, a ilha é engolida pelo mar, e o próprio Sauron perde sua forma física.
Mas na série, esse evento parece iminente. A ambição de Pharazôn e seu desprezo pelos Elfos já estão em evidência, e o conflito político em Númenor se aproxima do ponto de ruptura. Caso a produção realmente antecipe a queda da ilha, a trama pode acabar retirando Sauron desse momento, algo que alteraria profundamente seu destino e aparência futura.
O impacto dessas mudanças em Sauron
Nos textos de Tolkien, a destruição de Númenor transforma Sauron para sempre. Ele sobrevive ao cataclismo, mas sua maldade se torna visível, impedindo-o de assumir formas belas. É a partir daí que surge o icônico Olho de Fogo, símbolo de sua corrupção completa. Ao alterar a ordem dos eventos, Os Anéis de Poder pode escolher preservar sua aparência humana por mais tempo, reforçando o lado sedutor que o torna capaz de enganar e manipular.
Essa decisão pode estar ligada à relação ambígua entre Sauron e Galadriel, construída nas temporadas anteriores. O roteiro parece determinado a explorar esse vínculo emocional, e torná-lo um monstro prematuramente enfraqueceria essa dinâmica.
Entre fidelidade e reinvenção
As mudanças propostas não são necessariamente negativas. A série tem liberdade criativa para condensar milhares de anos em uma narrativa televisiva coesa. No entanto, cada alteração vem acompanhada de riscos. Antecipar ou inverter eventos icônicos pode afastar os fãs mais puristas e criar lacunas narrativas difíceis de justificar nas próximas temporadas.
Se bem conduzida, a terceira temporada pode oferecer uma nova perspectiva sobre a ascensão de Sauron e o declínio dos grandes reinos da Segunda Era. Caso contrário, o distanciamento excessivo do material original pode fazer com que a série perca o equilíbrio entre adaptação e fidelidade.
Um ponto decisivo na história da série
A terceira temporada de Os Anéis de Poder deve marcar o início de uma nova fase para o universo da Terra-média. Com o avanço das tramas envolvendo Sauron, Númenor e os Nove Anéis, o público verá o caminho sendo traçado para o nascimento do Um Anel e o início da guerra que mudará para sempre o destino dos povos livres.
Independentemente das mudanças, o sucesso da série dependerá de como essas peças serão encaixadas. Afinal, recontar a história mais famosa de Tolkien é uma tarefa que exige ousadia e, acima de tudo, equilíbrio entre o novo e o sagrado legado deixado pela trilogia original.
