A Marvel Studios encontrou em Olhos de Wakanda uma maneira eficaz de resgatar conceitos deixados de lado no MCU. Longe dos holofotes das produções live-action, a série animada aproveita sua proposta histórica para fazer ajustes em personagens esquecidos ou mal aproveitados.
No terceiro episódio da série, conhecemos Jorani, uma jovem guerreira que protege uma vila isolada nos Montes da China em 1400 d.C. Quando um agente de Wakanda rouba uma estátua sagrada com uma língua de vibranium, ela embarca em uma jornada para recuperá-la, revelando-se como portadora do poder do Punho de Ferro após derrotar o dragão Shou-Lao.
Jorani representa uma abordagem mais coerente
Diferente de Danny Rand, cuja trajetória foi marcada por atitudes imaturas e comportamentos contraditórios, Jorani é centrada, disciplinada e transparente em seus objetivos. A personagem não apenas demonstra habilidades marciais superiores, mas também um código de conduta mais próximo da filosofia dos quadrinhos originais.
Durante o episódio, ela enfrenta diversos guerreiros wakandanos sozinha, sem precisar recorrer ao uso constante de seus poderes. Sua postura contida, mas firme, destaca-se em contraste com a agressividade de seus oponentes, o que contribui para reforçar seu perfil mais maduro.
Ao final do confronto, Jorani opta por devolver o vibranium a Wakanda, mas deixa clara sua desaprovação quanto à forma como o roubo foi conduzido. A decisão de seguir seu caminho sozinha mostra que, assim como Noni em outro arco da série, ela também valoriza sua autonomia acima das alianças institucionais.
O legado de Danny Rand e o futuro da franquia
O impacto de Jorani se torna ainda mais relevante diante da recepção da série Punho de Ferro, lançada pela Netflix em 2017. Apesar da evolução do personagem ao longo de Os Defensores e Luke Cage, a versão de Finn Jones foi amplamente criticada por sua construção superficial e atuação inconstante.
Jorani, por sua vez, surge como uma alternativa mais convincente para manter viva a mitologia do Punho de Ferro no MCU. Embora sua história se passe séculos antes da linha temporal principal, sua existência valida a presença do herói no universo compartilhado e amplia as possibilidades para futuras adaptações.
Não há confirmação sobre a continuidade de Danny Rand nos projetos atuais da Marvel Studios, mas a existência de Jorani abre caminho para uma abordagem antológica, que pode explorar diferentes portadores do poder através dos séculos.
Ao colocar Jorani no centro de um arco narrativo bem definido, o estúdio oferece ao público uma nova chance de se conectar com o legado do Punho de Ferro. Através de Olhos de Wakanda, a Marvel consegue redimir partes de uma falha passada sem reescrever sua história.
Todos os episódios de Olhos de Wakanda estão disponíveis no Disney+.