Decepcionante

O Verão que Mudou Minha Vida: 3ª temporada está cometendo um grande erro

Série do Prime Video perde a mão ao tratar de personagem importante.

O Verão que Mudou Minha Vida: 3ª temporada está cometendo um grande erro

Com a terceira temporada de O Verão que Mudou Minha Vida em andamento, os conflitos românticos voltaram ao centro da trama, mas o que deveria ser o ponto alto da história está revelando um problema incômodo: o retrocesso de Belly como personagem.

Enquanto Jeremiah e Conrad ganham novos contornos e enfrentam suas próprias transformações, Belly parece estagnada. Suas ações contraditórias e a falta de autonomia deixam a sensação de que ela deixou de ser o centro da história e virou apenas uma peça na disputa entre os irmãos Fisher.

A ausência de desenvolvimento

Nos episódios mais recentes, a série foca nos dilemas amorosos de Belly, mas deixa de lado qualquer avanço pessoal. Em vez de buscar compreensão sobre si mesma ou refletir sobre seus desejos, ela adota uma postura defensiva e, por vezes, cruel. Isso fica evidente no momento em que ela confronta Conrad, logo após descobrir a traição de Jeremiah.

Em um acesso de raiva, Belly diz que o que viveu com Conrad nunca significou nada. A fala é dura, mas o problema maior está na falta de contexto e motivação clara por trás das palavras. A ausência de narração interna, recurso comum nas temporadas anteriores, torna ainda mais difícil entender se ela estava sendo sincera ou apenas tentando afastá-lo.

Jeremiah, por sua vez, ganhou profundidade. A semelhança com o comportamento do pai e as dificuldades em lidar com seus erros são exploradas com mais nuance. Já Conrad enfrenta o luto e passa a demonstrar maturidade emocional. A falta de equilíbrio entre esses três arcos torna a presença de Belly quase secundária.

Uma personagem reativa e sem voz própria

Boa parte das decisões de Belly nessa temporada são guiadas pelo medo de perder Jeremiah. Ela desiste do intercâmbio em Paris, aceita um casamento que não deseja e chega a zombar de Conrad apenas para agradar o noivo. Suas escolhas giram em torno da relação, sem espaço para que ela reflita sobre quem realmente quer ser.

O comportamento é especialmente contraditório diante dos problemas evidentes no relacionamento com Jeremiah: ciúmes, distanciamento emocional e uma traição recente. Ainda assim, Belly insiste em defender o noivado, mesmo que isso implique anular partes de si. Essa insistência fragiliza a narrativa e empobrece a complexidade da personagem.

Com tantos retrocessos, é difícil imaginar um reencontro com Conrad que pareça coerente ou merecido. A história parece apontar para essa reconciliação, mas o caminho trilhado até aqui enfraquece a força desse possível final.

Pouco tempo para uma grande reviravolta

Faltando poucos episódios para o fim, a dúvida que paira não é apenas com quem Belly ficará, mas se haverá tempo suficiente para reconstruir sua trajetória. O romance com Jeremiah precisa se encerrar de forma convincente, o reencontro com Conrad exige reconciliação emocional, e ainda existem outros núcleos narrativos para fechar.

A mãe de Belly, Laurel, chegou a alertar a filha sobre a necessidade de encontrar sua identidade fora dos relacionamentos. No entanto, a temporada parece ignorar esse conselho. O que poderia ser um arco de autodescoberta tem sido substituído por uma protagonista reativa, que não lidera sua própria história.

Com Jeremiah e Conrad crescendo em tela, resta torcer para que Belly recupere o protagonismo antes do fim. Há espaço para isso, mas a série precisa ajustar o foco com urgência se quiser entregar um desfecho que faça jus à personagem que apresentou no início da trama.

 
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