Quando o ano começou, a expectativa era alta para diversos k-dramas que chegariam à Netflix, mas poucos imaginavam que uma produção tão singular seria capaz de tomar o protagonismo. Sem grandes campanhas de divulgação ou nomes internacionalmente badalados, a série apareceu de forma discreta, mas logo se tornou o assunto do momento entre os fãs do gênero.
A proposta parecia simples: uma história sobre amor e gastronomia. No entanto, bastaram os primeiros episódios para mostrar que havia uma combinação ousada de fantasia histórica, dilemas morais e uma viagem no tempo capaz de transformar completamente o destino de seus personagens.
Um salto no tempo e no paladar
Bon Appétit, Vossa Majestade acompanha Yeon Ji-yeong (interpretada por Im Yoon-ah), uma jovem chef coreana especializada em culinária francesa que, após um evento lunar misterioso, é transportada mais de 500 anos ao passado, diretamente para o período Joseon. Lá, em meio a intrigas políticas e guerras de poder, ela se vê forçada a usar seu talento na cozinha para sobreviver em um mundo completamente diferente do seu.
Seu destino muda quando desperta o interesse do Rei Yi Heon (vivido por Lee Chae-min), uma figura histórica real lembrada como um dos governantes mais cruéis de sua era. Fascinado pelos sabores criados pela estrangeira e pela sua ousadia, o monarca decide torná-la a chef real do palácio, um título cobiçado, mas perigoso, em um ambiente dominado pela desconfiança e pela ambição.
O amor em meio ao perigo
À medida que Ji-yeong tenta entender como foi parar no passado e busca uma forma de voltar ao seu tempo, uma relação inesperada nasce entre ela e o rei. O romance, porém, é tudo menos simples: além das diferenças de séculos e da natureza autoritária de Yi Heon, há o medo constante de que qualquer mudança em suas ações possa alterar o curso da história coreana.
O contraste entre o temperamento explosivo do rei e a sensibilidade da chef dá origem a uma química intensa, explorada com cuidado pela direção. A série evita transformar a relação em um conto de fadas tradicional e, em vez disso, constrói um elo ambíguo, dividido entre paixão e medo pela sobrevivência.
Uma mistura de gêneros que funciona
Bon Appétit, Your Majesty consegue o que poucos dramas coreanos recentes alcançaram: equilíbrio. A produção transita entre a tensão, o humor leve e o romance sobrenatural sem perder o fio narrativo.
Há momentos de ação, conspirações palacianas, cenas de comédia que aliviam o peso da trama e passagens profundamente emocionais, costuradas com uma fotografia deslumbrante da era Joseon.
Assim como as receitas de Ji-yeong, o encanto da série está na fusão de elementos improváveis. O roteiro brinca com a noção de destino, identidade e poder, enquanto usa a gastronomia como ponte entre mundos distintos.
A força do elenco e o apelo universal
Im Yoon-ah entrega uma performance envolvente, transmitindo com sutileza o conflito entre razão e sentimento. Já Lee Chae-min, com sua interpretação contida, transforma um personagem historicamente temido em alguém complexo e, por vezes, trágico. Juntos, os dois criam uma dinâmica que sustenta a série até seus momentos mais fantásticos.
O sucesso mundial foi imediato. Em poucos dias, Bon Appétit, Your Majesty entrou para o ranking das produções mais assistidas da Netflix, tanto na Ásia quanto em países ocidentais.