A TV sul-coreana já provou, inúmeras vezes, que sabe explorar todos os tipos de gêneros narrativos, especialmente o suspense. Quando esse talento se alia à liberdade criativa oferecida pelo streaming, os resultados costumam ser surpreendentes.
A mais nova aposta da Netflix habita esse cenário. Carma, um k-drama policial que mistura tensão psicológica, suspense criminal e um elenco estelar, marca o retorno de Park Hae-soo (Round 6), agora em um papel ainda mais dramático.
No entanto, Carma não gira em torno de um único protagonista. A série apresenta seis personagens cujas vidas colidem de maneira inesperada, revelando o que há de mais sombrio nas consequências de decisões aparentemente simples.
Seis vidas entrelaçadas pelo destino
Tudo começa com um acidente misterioso, que serve como ponto de partida para o enredo. A partir daí, a trama se desenrola em camadas, revelando como cada um dos personagens é empurrado para situações extremas.
Park interpreta um homem que testemunha esse evento e acaba fazendo um acordo do qual não pode mais escapar. É a partir dessa escolha que ele se vê envolvido em uma cadeia de acontecimentos que testam seus limites.
Além de Park Hae-soo, o elenco conta com Shin Min-a (Os Lucros do Amor), Lee Hee-jun (A Killer Paradox), Kim Sung-kyun (D.P Dog Day), Lee Kwang-soo (Missão Sobrevivência) e Gong Seung-yeon (Equipe de Emergência). Cada personagem tem uma história própria, marcada por traumas, ambições frustradas ou dilemas éticos, que se conectam aos poucos, como peças de um quebra-cabeça.
O grande diferencial da série está na forma como costura essas narrativas. Ao invés de seguir uma ordem cronológica rígida, os episódios iniciais parecem quase independentes, cada um focado em um personagem. A conexão entre eles, no entanto, vai ficando clara à medida que os episódios avançam, ampliando o escopo da história.
Uma rede de decisões e consequências
Em Carma, nada acontece por acaso. Cada atitude tomada pelos personagens gera um efeito que reverbera na vida dos demais. Essa abordagem evidencia o conceito central da série, onde as escolhas feitas têm consequências que podem escapar do controle, mesmo que sejam com boas intenções.
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A série também se destaca pela ambientação. A cidade fictícia de Guhoe serve como cenário principal, e sua atmosfera sombria e opressiva contribui para o tom da narrativa. Em meio a ruas vazias, casas isoladas e hospitais silenciosos, os personagens vagam como sombras de si mesmos, tentando escapar de um destino que parece sempre à espreita.
Além disso, outro ponto interessante está na construção dos personagens. Longe de serem heróis ou vilões clássicos, eles se movem em tons de cinza, tomando decisões questionáveis em situações-limite. Isso faz com que o público se envolva não apenas com o que está acontecendo, mas também com os motivos que levam cada um a agir daquela forma.
O médico pressionado por dívidas, o operário que perdeu o emprego, a mulher que reencontra o responsável por um trauma de infância… Todos são figuras marcadas por fragilidade, medo e desejo de sobrevivência.
Suspense com identidade coreana
Carma é baseado em um webtoon e traz referências claras aos dramas sul-coreanos que apostam em histórias densas, com personagens quebrados e tramas morais complexos.
Para quem acompanha k-dramas ou busca novas experiências no gênero de suspense criminal, a série oferece uma combinação especial de drama humano, tensão crescente e boas atuações.
Sem precisar recorrer a reviravoltas mirabolantes, Carma aposta no impacto das pequenas decisões, das falhas humanas e das conexões invisíveis que nos aproximam — ou nos destroem.
Carma está disponível no catálogo da Netflix.
