A antologia Monstro, da Netflix, retorna para sua terceira temporada explorando um dos casos mais perturbadores do século XX: a história de Ed Gein. Após temporadas dedicadas a Jeffrey Dahmer e aos irmãos Menéndez, a produção mergulha em novos episódios concentrada nesse serial killer.
Conhecido como o “açougueiro de Plainfield”, Gein marcou a história criminal norte-americana com crimes que ultrapassaram o horror local e se transformaram em referência para o cinema. Sua trajetória é revisitada de forma detalhada na nova leva de episódios, já disponível no streaming.
Quem foi Ed Gein
Nascido em 1906 em Wisconsin, Edward Theodore Gein cresceu em um ambiente dominado pela rigidez da mãe, Augusta, e pelo alcoolismo do pai, George. Ao lado do irmão Henry, viveu em uma fazenda isolada, com uma rotina marcada por repressão religiosa e pouco contato social.
Com a morte da mãe em 1945, Gein mergulhou no isolamento total. Transformou a casa em um espaço caótico, exceto pelo quarto de Augusta, que preservou como um santuário. Nesse período, sustentou-se como faz-tudo, mas desenvolveu interesse mórbido por anatomia e começou a frequentar cemitérios à noite.
A rotina macabra veio à tona em 1957, quando a comerciante Bernice Worden desapareceu. A polícia encontrou seu corpo mutilado na propriedade de Gein, além de objetos confeccionados a partir de restos humanos. Máscaras feitas de pele, roupas e utensílios revelaram um padrão de necrofilia e profanação de túmulos.
Na série da Netflix, a série também retrata a relação de Ed com Adeline Watkins. Interpretada por Suzanna Son, ela simboliza a tentativa frustrada de vida afetiva do assassino. A narrativa resgata rumores de que os dois quase se casaram, mas também apresenta controvérsias sobre a veracidade dessa ligação.
Prisão e julgamento
Após confessar dois assassinatos, Gein foi considerado mentalmente incapaz e enviado a instituições psiquiátricas. Somente em 1968, foi julgado e condenado pela morte de Worden. Por razões financeiras, o caso de Mary Hogan, desaparecida em 1954 e encontrada em sua casa, não chegou a julgamento. O assassino passou o resto da vida internado até sua morte em 1984, aos 77 anos, vítima de câncer de pulmão.
O mistério sobre a morte de seu irmão Henry também permeia sua biografia. Embora oficialmente atribuída a um incêndio, o comportamento suspeito de Gein na época levantou hipóteses de envolvimento, mas o caso jamais foi esclarecido.
Outro ponto explorado é o desaparecimento de Evelyn Hartley, adolescente de 14 anos em 1953. Embora Gein tenha sido investigado, os exames da época não encontraram provas ligando-o ao crime. Ainda assim, o caso permanece associado ao seu nome, alimentando especulações.
Inspiração para o cinema
A história de Gein ultrapassou os tribunais e se consolidou como fonte de inspiração para a cultura pop. Diretores renomados, como Alfred Hitchcock, basearam personagens em seus crimes. Norman Bates, de Psicose (1960), foi diretamente influenciado pela relação de Gein com a mãe e pelo isolamento vivido após sua morte.
Nos anos 1970, Tobe Hooper se inspirou em Gein para criar Leatherface, de O Massacre da Serra Elétrica, personagem lembrado pelo uso de máscaras de pele humana. Mais tarde, em O Silêncio dos Inocentes (1991), Jonathan Demme explorou referências claras ao caso ao desenvolver Buffalo Bill, assassino que confeccionava roupas a partir da pele de suas vítimas.
Essa ligação entre crime real e ficção mostra como Gein moldou o imaginário do terror moderno. Sua influência se estendeu a gerações de cineastas e consolidou o subgênero de assassinos em série no cinema.
A escolha da Netflix
Com Charlie Hunnam no papel principal, a temporada busca equilibrar fidelidade histórica com a dramatização necessária para a narrativa televisiva. O ator ressaltou em entrevistas que seu objetivo foi retratar Gein de maneira humana, sem amenizar os crimes, mas destacando o contexto que o moldou.
A série também insere figuras como Alfred Hitchcock, Alma Reville e Tobe Hooper, reforçando a ponte entre a realidade e sua repercussão no cinema. Essa abordagem torna a temporada não apenas um relato biográfico, mas também uma análise cultural do impacto do assassino.
Monstro: A História de Ed Gein está disponível na Netflix.