House of Guinness chegou à Netflix com uma recepção dividida, mas conseguiu chamar atenção por um detalhe técnico que fez diferença. Embora muitos comparem a nova produção de Steven Knight à sua obra-prima anterior, Peaky Blinders, a série sobre a família Guinness acertou onde o drama dos Shelby falhou.
Peaky Blinders consolidou-se como um dos maiores fenômenos da televisão moderna. Ao longo de quase uma década, a produção se tornou referência entre dramas históricos, mas, ainda assim, mesmo obras aclamadas têm suas falhas, e foi justamente uma delas que House of Guinness conseguiu corrigir de forma simples e engenhosa.
Um detalhe que muda tudo
Diferente de Peaky Blinders, que por vezes deixava o público confuso com valores financeiros e negociações, House of Guinness resolveu esse problema ao converter os valores históricos para o equivalente atual em tela. A decisão facilita o entendimento sobre o real peso das transações apresentadas, principalmente em um enredo centrado em fortuna e poder econômico.
Nas cenas em que Benjamin negocia com Agnes, por exemplo, o público entende imediatamente a dimensão dos números mencionados: saber que 4 mil libras da época equivalem a 600 mil nos dias de hoje muda completamente o impacto da cena. É um recurso simples, mas que confere clareza sem comprometer a imersão histórica da série.
A importância da escolha
A família Guinness, assim como os Shelby, vive cercada de disputas financeiras, mas neste caso, o dinheiro é o eixo central da narrativa. A série acompanha como cada decisão comercial influencia o destino da marca e das relações entre os irmãos.
Ao explicitar o valor do dinheiro, a Netflix elimina uma barreira que costumava afastar parte do público menos familiarizado com o contexto econômico do século XIX.
Em Peaky Blinders, a fortuna de Tommy Shelby crescia com o passar das temporadas, mas o impacto disso no mundo real nunca era plenamente quantificável. Em House of Guinness, ao contrário, cada cifra ganha um peso concreto, tornando as discussões empresariais mais envolventes e compreensíveis.
Um avanço técnico e narrativo
Além de tornar a trama mais acessível, o recurso ajuda a dimensionar a grandiosidade da história que está sendo contada. Ambientada em meados do século XIX, a série lida com uma diferença monetária ainda maior do que a retratada em Peaky Blinders, que se passa no início do século XX. A atualização de valores, portanto, é essencial para contextualizar o poder e as ambições dos Guinness.
Com as conversões aparecendo de forma sutil na tela, o público consegue se situar sem precisar recorrer a explicações externas. Essa escolha reforça a precisão histórica da produção, sem sacrificar o ritmo narrativo.
Um modelo para o gênero histórico
A decisão de Steven Knight de adotar esse recurso pode influenciar outras produções do gênero. Dramas de época frequentemente esbarram em dificuldades semelhantes, e House of Guinness mostrou que é possível combinar fidelidade histórica com uma linguagem mais acessível ao público atual.
Com uma segunda temporada praticamente garantida, a série deve continuar explorando o crescimento da família Guinness e sua expansão internacional. Se mantiver o mesmo cuidado com detalhes técnicos e narrativos, o novo projeto de Knight pode se consolidar não apenas como herdeiro de Peaky Blinders, mas como sua evolução natural.