
A Casa do Dragão poderia ter sido o antídoto perfeito para a frustração final de Game of Thrones. Quando chegou, com seu clima denso, cortes lentos e personagens cheios de feridas emocionais, parecia enfim o retorno triunfal a Westeros. E por um tempo, realmente foi.
Só que, conforme a série entrou na segunda temporada, algo mudou, não no potencial da história, mas no ritmo. O que era uma narrativa de tensão crescente virou um arrastar de passos. E agora, enquanto a HBO prepara a 3ª temporada, existe um problema sério sendo ignorado… e ele não tem nada a ver com CGI, orçamento ou dragões.
O ritmo está traindo a própria história
A Dança dos Dragões é, no papel, uma guerra rápida, brutal, cheia de reviravoltas chocantes, praticamente uma queda livre narrativa. Só que a série decidiu desacelerar tudo ao máximo, prolongando cada decisão até o esgotamento. Isso pode ser elegante no começo… mas até quando?
O duelo entre Rhaenyra e Alicent perdeu intensidade justamente porque as consequências demoraram a chegar. Quando uma história sobre guerra evita a guerra por tempo demais, a expectativa começa a virar frustração. E o público sente isso, mesmo que não diga em palavras. Já percebeu como a conversa diminuiu?
A temporada 2 não foi ruim. Mas ela pareceu pouca. Pareceu preparatória, transição, prólogo do prólogo. E agora a temporada 3 carrega o peso de fazer o público sentir que algo finalmente está acontecendo. Mas será que vai conseguir… depois de dois anos de espera?
O distanciamento dos personagens
O ponto mais doloroso de A Casa do Dragão sempre foi íntimo: duas mulheres que se amavam e se destruíram pouco a pouco. Só que, ao prolongar demais o conflito sem avanços claros, a série acabou transformando o emocional em repetição. Quantas vezes já vimos Alicent questionando suas próprias decisões… sem consequência real?
Rhaenyra, por sua vez, passou grande parte da temporada 2 tentando evitar o inevitável. E sim, isso faz sentido historicamente. Mas dramaticamente? Perde força. O público precisa sentir as rachaduras internas, não apenas presenciá-las de longe, em longas pausas silenciosas.
E Daemon? Um dos personagens mais carismáticos da série ficou isolado numa trama paralela, repetitiva, quase ornamental. Matt Smith pode carregar cenas com o olhar, mas nem isso segura um arco que parece rodar em círculo.
O verdadeiro problema: a série está sendo esticada além do necessário
A HBO decidiu dividir a Dança dos Dragões em quatro temporadas, mesmo que a história original ocupe pouco mais de 100 páginas. Essa escolha pode até fazer sentido financeiro (claro, manter o hype, o streaming, o marketing), mas narrativamente… é arriscado.
A série corre o risco de perder o time. E time, em uma história de guerra civil entre dragões, é tudo. A Batalha do Gullet, que deveria ter encerrado explosivamente a 2ª temporada, foi empurrada. Agora, a 3ª temporada carrega uma responsabilidade que não precisava carregar: recolocar fogo no pavio.
Mas quanto mais o tempo passa entre temporadas, mais o público se afasta.
E sim, o fandom é fiel, mas até o fandom tem limite de espera. No fim das contas, o maior inimigo da série não é a adaptação. É o calendário.
A Casa do Dragão está disponível no HBO Max.
