
Por mais mágicos que tenham sido os filmes de Harry Potter, quem mergulhou nos livros sabe que nem tudo foi traduzido para as telas. Um dos casos mais representativos é Alvo Dumbledore, o bruxo mais enigmático, poderoso e contraditório da saga.
Agora, com a nova série da HBO prestes a recontar essa história sob um novo olhar, o primeiro nome confirmado no elenco já mostra que a abordagem será diferente. John Lithgow foi escolhido para viver o diretor de Hogwarts, e sua chegada promete algo que muitos fãs esperam há anos: uma versão verdadeiramente fiel ao Dumbledore dos livros, corrigindo dois dos maiores equívocos que os filmes cometeram com o personagem.
John Lithgow tem o que os outros Dumbledores não tiveram ao mesmo tempo
Na trajetória cinematográfica de Harry Potter, tivemos dois Dumbledores: Richard Harris e Michael Gambon. Cada um deles brilhou à sua maneira, mas também deixou lacunas importantes. Harris trouxe um ar doce e misterioso, perfeito para os primeiros anos da história, quando o diretor aparecia como uma figura mais distante. Já Gambon entrou com mais força e energia, fundamental para os momentos em que Dumbledore toma o centro da trama.
Mas faltou equilíbrio. Lithgow entra justamente com a missão de unir o melhor dos dois mundos. Com uma carreira marcada por papéis que vão do afetuoso ao assustador, ele é capaz de explorar todas as nuances do personagem.
Dumbledore não é só um velhinho gentil ou um líder severo, ele é excêntrico, manipulador, carismático e, em vários momentos, até sombrio. Com uma série de TV, que terá tempo de explorar melhor cada camada, Lithgow tem tudo para apresentar, finalmente, o Dumbledore completo.
Richard Harris era mágico, mas faltava autoridade
Richard Harris foi o primeiro a vestir o manto de Dumbledore nos cinemas. Sua interpretação foi elegante, calma, quase etérea. Para os filmes iniciais, A Pedra Filosofal e A Câmara Secreta, isso funcionou bem. Dumbledore era mais um mentor do que um guerreiro. O problema é que, nos livros, mesmo quando Dumbledore está em segundo plano, ele nunca deixa de ser imponente.
J.K. Rowling descreve o personagem como alguém respeitado e temido. Quando entra em uma sala, o ar muda. Há uma aura de poder e sabedoria que impõe respeito. E isso Harris, com sua delicadeza, não entregava totalmente. John Lithgow, no entanto, é conhecido por imprimir presença mesmo quando está em silêncio. Ele consegue dominar uma cena com um simples olhar, exatamente o que Dumbledore exige.
Michael Gambon foi além do ponto em O Cálice de Fogo
Se Harris pecou pela falta de presença, Gambon às vezes passou do ponto. Um dos momentos mais criticados da saga nos cinemas está em O Cálice de Fogo, quando Dumbledore deveria perguntar calmamente a Harry se ele colocou seu nome no Cálice. Nos livros, a cena é descrita como serena, quase fria. Mas nos cinemas, vimos Gambon praticamente atacando Harry, em uma performance intensa e agressiva.
Esse Dumbledore ansioso, explosivo e por vezes inconstante, contrastava com a figura contida e calculista dos livros. Claro, nos filmes seguintes Gambon suavizou o tom, mas a imagem já havia se fixado entre os fãs: seu Dumbledore era poderoso, mas desequilibrado.
Com Lithgow, a tendência é de uma performance mais controlada. Ele tem alcance para transmitir raiva ou firmeza sem precisar levantar a voz, algo essencial para manter a elegância e o mistério de Dumbledore, sem cair na caricatura.
HBO promete a versão mais fiel do personagem até hoje
Diferente dos filmes, que precisaram cortar ou simplificar diversas partes da história por conta do tempo, a série da HBO terá espaço para trabalhar os detalhes. Isso significa que poderemos ver Dumbledore sendo contraditório, manipulador e até falho, aspectos que enriquecem o personagem e que foram, muitas vezes, deixados de lado nos cinemas.
Dumbledore não é um herói perfeito. Ele erra, guarda segredos, manipula Harry e carrega culpas antigas. É isso que o torna tão interessante. A série pode finalmente mostrar sua relação com Grindelwald de maneira mais aberta, explorar seu passado conturbado e dar espaço para os dilemas morais que o cercam.
E John Lithgow, que já interpretou figuras complexas ao longo de sua carreira, parece ser a escolha ideal para carregar esse peso nas costas, com a dignidade, o carisma e a imprevisibilidade que o personagem exige.
Fãs ainda têm dúvidas, mas a expectativa é alta
Sim, existe uma resistência inicial com a escolha de Lithgow, especialmente pelo fato de ele não ser britânico. Mas vale lembrar: atuação vai muito além da nacionalidade. E ele já interpretou personagens britânicos com perfeição antes, com sotaque, presença e personalidade.
A nova adaptação também promete ser mais sombria, mais detalhada e mais próxima dos livros. Com a escolha de um ator experiente e versátil logo de cara, a HBO sinaliza que está comprometida com uma abordagem mais profunda e fiel da obra. E se a promessa for cumprida, essa pode ser a melhor versão de Dumbledore que já vimos nas telas.
A série de Harry Potter para a Max está prevista para estrear em 2026 ou 2027.