A primeira temporada de Gatilho chegou ao fim deixando mais dúvidas do que respostas. Carregando consigo um enredo centrado na disseminação de armas ilegais em uma Coreia do Sul prestes a entrar em colapso social, o drama se encerra com uma cena ambígua e carregada de tensão.
A narrativa acompanhou a trajetória de Lee Do, um policial com passado militar, que se vê envolvido em uma rede de crimes ligados à distribuição clandestina de armamentos. Ao longo dos episódios, ele forma uma aliança instável com Moon Baek, um homem enigmático que se revela uma peça-chave nesse tabuleiro.
Conforme os tiroteios se espalham pelo país, o protagonista descobre que Moon Baek é, na verdade, o mentor por trás de todo o esquema. A revelacão leva a uma caça frenética, que culmina em um protesto pacífico que se transforma em um campo de batalha após a distribuição de armas entre os manifestantes.
O destino de Moon Baek
Durante a confusão na arena Gyeongin, Moon Baek aparece entre a multidão com a intenção de incitar o caos. Ele lança uma bomba de fumaça e aponta sua arma para o céu, mas é atingido por um disparo feito por um terceiro. Lee Do observa tudo de perto, mas não é o autor do tiro.
Mesmo ferido, Moon Baek é levado ao hospital, onde seu estado é considerado crítico. Embora os médicos tentem reanimá-lo, não há confirmação sobre sua sobrevivência. A última cena em que aparece mostra uma mulher armada, ligada ao grupo de Jake, se aproximando de sua cama.
O suspense é mantido até os últimos segundos. A série sugere que Jake, chefe de Moon Baek e representante de uma organização internacional de tráfico de armas, considera eliminá-lo. Há também a hipótese de que a mulher tenha a missão de resgatá-lo, mas essa opção parece menos provável diante de sua condição de saúde e queda de utilidade.
Moon Baek, além de enfrentar um ferimento grave, é diagnosticado com uma doença terminal. O próprio personagem admite que não tem muito tempo de vida, tornando sua sobrevivência apenas uma questão de adiar o inevitável.
Protagonista no movimento anti-armas
Lee Do, que começa a série em uma posição neutra, termina como um dos principais rostos da resistência à violência armada. Sua atuação durante o massacre no protesto, especialmente ao proteger uma criança sob fogo cruzado, viraliza e ganha repercussão nacional.
A imagem do policial salvando o garoto se torna um símbolo de esperança. As cenas geram uma onda de manifestações, pedidos de regulação e campanhas de entrega voluntária de armamentos, que se espalham pelo país nos dias seguintes ao atentado.
Esse gesto contrasta diretamente com a postura de Moon Baek, que insistia que a responsabilidade pela violência era das pessoas, não das armas. A série, assim, deixa clara a crítica ao discurso de neutralidade em relação ao armamento.
Park So-Hyeon, uma enfermeira que havia recebido uma arma, também protagoniza um momento simbólico. Atravessada por assédios no trabalho e em colapso emocional, ela desiste de cometer um ato violento ao testemunhar a coragem de Lee Do pela televisão.
Jake continua solto
Enquanto a situação interna da Coreia parece retroceder da beira do abismo, a figura de Jake permanece intacta. Empresário americano ligado ao lobby armamentista, ele assiste aos eventos de longe, preparando sua próxima investida.
O fim da temporada sugere que Jake seguirá alimentando conflitos em outras regiões do mundo. Sua última cena mostra uma conversa com outros investidores, em que defende o lucro como justificativa para manter o negócio das armas ativo.
Sem enfrentar qualquer tipo de punição, ele representa a continuidade da ameaça, mesmo com a queda de Moon Baek. A série opta por não fechar esse arco, deixando em aberto a possibilidade de uma segunda temporada.
Ainda não há confirmação oficial de uma nova temporada, mas o material deixado em aberto abre espaço para a continuidade da história em cenários internacionais.