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Fundação: 3ª temporada conserta um dos maiores erros de Game of Thrones

Série do ApplTv+ faz o que o clássico da HBO não conseuiu.

Fundação: 3ª temporada conserta um dos maiores erros de Game of Thrones

Mesmo ambientada em um universo futurista e repleto de tecnologia, Fundação não deixa de dialogar com clássicos da fantasia. A terceira temporada da série do Apple TV+ explora a mitologia da obra de Isaac Asimov, ao passo que corrige um erro marcante de Game of Thrones.

A ligação entre as duas produções se intensificou com a chegada de Pilou Asbæk ao elenco de Fundação. O ator, conhecido por viver Euron Greyjoy na série da HBO, interpreta agora o Mulo, vilão central da nova fase da trama. 

E se em Westeros seu potencial foi sabotado por escolhas narrativas apressadas, na galáxia de Asimov ele finalmente encontra espaço para brilhar.

A redenção de Pilou Asbæk no papel de vilão

Introduzido logo nos primeiros episódios da terceira temporada, o Mulo se impõe sem precisar de explosões ou discursos. Sua presença é sentida, e seus poderes mentálicos tornam a ameaça ainda mais palpável. Ao conquistar o planeta Kalgan sem levantar um dedo, ele mostra o nível de seu controle para instaurar o caos em completo silêncio.

A postura, os trejeitos e a intensidade que Asbæk imprime ao personagem evocam memórias de seu Euron Greyjoy, mas aqui o ator trabalha com material que permite nuances. O Mulo é cruel, mas também carismático e imprevisível. Em vez de ser um vilão unidimensional, ele é uma força narrativa complexa, que não depende apenas de cenas impactantes.

Em Game of Thrones, Euron foi introduzido tardiamente e rapidamente convertido em um antagonista genérico, distante da figura mística e aterrorizante dos livros de George R.R. Martin. Em Fundação, a construção do Mulo respeita sua importância e se desenvolve com tempo e cuidado.

Um personagem que carrega a narrativa

Nos episódios seguintes, o Mulo ganha ainda mais profundidade. Ele manipula, joga com as palavras, testa limites e, em uma das sequências mais intensas da temporada, conduz um “jogo de insultos” com Toran Mallow em um clube de elite, terminando com uma demonstração de poder digna de Roose Bolton.

Ao confrontar o jovem Brother Day, o vilão também deixa escapar sua visão fatalista da própria existência. Para ele, tudo já está escrito, e seu papel é apenas cumprir o destino que lhe foi traçado. Essa visão messiânica ecoa diretamente o discurso de Euron nos livros de Martin, onde o pirata acredita estar destinado a conquistar Westeros com dragões e magia.

Os paralelos entre os dois personagens vão além da atuação. Ambos têm navios icônicos, nomes que impõem medo e uma convicção quase religiosa em sua missão. Mas enquanto Game of Thrones optou por um caminho raso e apressado, Fundação mostra que ainda há espaço para vilões complexos e ameaçadores.

Ao confiar em Pilou Asbæk para um papel de grande impacto e permitir que ele explore todo seu potencial, Fundação entrega uma espécie de redenção. Para os fãs de Game of Thrones, é como se a série dissesse: “É assim que se faz um vilão”.

Com mais episódios pela frente, o Mulo segue se consolidando como um dos antagonistas mais marcantes da televisão recente. Sua mistura de frieza, poder e visão grandiosa o coloca em um patamar que Euron Greyjoy nunca conseguiu atingir na série da HBO.

 
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