Com seis novos episódios, a sétima temporada de Black Mirror retorna ao catálogo da Netflix misturando ideias inéditas, conceitos familiares e até uma continuação direta de um de seus maiores sucessos. Entre acertos e tropeços, a nova leva reforça o estilo característico da série, mas também testa novos tons e possibilidades narrativas.
Apesar da variedade de abordagens, nem todos os episódios conseguem manter o mesmo nível de consistência. Por isso, fizemos um ranking do pior ao melhor, levando em conta a força das ideias apresentadas, a execução dos roteiros e o impacto deixado após o fim dos créditos.
6. Bête Noire
Bête Noire começa com uma premissa que parece promissora, mas acaba se perdendo conforme tenta justificar sua proposta tecnológica. O episódio demora a revelar seu elemento principal de ficção científica, e quando finalmente o faz, o conceito já não sustenta o peso das expectativas. A crítica ao ambiente corporativo é pertinente, mas a narrativa não consegue se desenvolver de forma satisfatória.
5. Brinquedo
Brinquedo mergulha no universo dos jogos e faz acenos a obras anteriores como Bandersnatch, misturando estética retrô com elementos futuristas. A narrativa acompanha o interrogatório de um programador acusado de assassinato.
Detido pela polícia, ele explica o seu passadoe o motivo de ter cometido o crime: um jogo analógico incomum, com uma população de criaturas fofas.
4. Hotel Reverie
Hotel Reverie oscila entre o drama emocional e o humor absurdo. A trama critica de forma direta a falta de originalidade na indústria cinematográfica, ainda que isso seja feito de forma um pouco óbvia.
Mesmo assim, é esse tom caótico e imprevisível que garante ao episódio sua identidade. Em uma temporada que aposta tanto em variar os tons, Reverie se destaca justamente por equilibrar o absurdo com o real.
3. USS Callister – Infinity
Continuações em Black Mirror são raras, e é justamente isso que torna USS Callister – Infinity um dos grandes destaques da temporada. O episódio retoma os eventos de USS Callister, da quarta temporada, e mostra o que aconteceu com os clones digitais no universo virtual de Infinity.
A produção acerta ao evitar repetir a fórmula do antecessor e foca em desenvolver as consequências da fuga dos personagens. Embora fuja do formato antológico, dependendo do conhecimento do episódio anterior para funcionar plenamente, o episódio entrega um enredo envolvente.
2. Eulogy
Eulogy parece simples à primeira vista, mas se revela uma das experiências mais emocionais da temporada. A tecnologia que permite reviver memórias através de fotografias pode parecer modesta, mas se torna o ponto de partida para um mergulho profundo em sentimentos reprimidos e lembranças fragmentadas.
A premissa e estética remetem ao episódio Toda A Sua História da primeira temporada. No entanto, Eulogy conta com um ritmo mais contemplativo e melancólico, ganhando força justamente por fugir do choque e apostar no afeto.
A história que opta por não entregar grandes reviravoltas, mas sim uma catarse silenciosa, íntima e devastadora.
1. Pessoas Comuns
A princípio, Pessoas Comuns parece entregar uma premissa batida em Black Mirror: pessoas que buscam saúde em promessas tecnológicas. No entanto, a série ganha destaque pelo modo como constrói uma crítica criativa aos modelos de assinatura que dominam todos os aspectos da vida moderna. O tom satírico vai se tornando cada vez mais sombrio até culminar em um final devastador.
Com uma mensagem direta e incômoda sobre dependência e desigualdade, é o tipo de episódio que caracteriza Black Mirror e vai se tornar um dos memoráveis da série.