
Desde o lançamento do primeiro spin-off de The Walking Dead, o universo da franquia se expandiu em escala e ambição, mas essa expansão veio acompanhada de um problema recorrente: a eliminação rápida e pouco convincente de comunidades inteiras. Agora, com a chegada da terceira temporada de Daryl Dixon, esse padrão parece se repetir.
A história começa logo após os eventos da segunda temporada, com Daryl e Carol tentando encontrar uma rota segura de volta aos Estados Unidos. O plano inicial os levaria ao Reino Unido, mas o trailer revelou que a dupla vai parar na Espanha, onde se depara com uma nova comunidade de sobreviventes.
As primeiras imagens mostram uma cidade viva, com celebrações e traços de organização social. Contudo, em pouco tempo, a narrativa muda de tom. A cidade é invadida por zumbis e destruída, com sinais de combate, corpos espalhados e estruturas em chamas. Mais uma vez, um grupo promissor é eliminado de forma abrupta.
Uma repetição previsível no universo de The Walking Dead
Essa destruição repentina não é novidade. Em Dead City, várias facções como os Foragers e os Blood Shirts também foram eliminadas em cenas breves, sem qualquer complexidade. Em The Ones Who Live, o grupo CRM foi dizimado em um único ataque. Mesmo em Daryl Dixon, o Pouvoir e a União da Esperança ruíram sem resistência, apesar de serem apresentados como organizações antigas e estruturadas.
A recorrência desse recurso fragiliza a coerência interna da franquia. Com mais de dez anos desde o início do apocalipse, seria razoável esperar que os grupos sobreviventes estivessem melhor preparados, com estratégias de defesa e experiência suficiente para enfrentar novas ameaças.
Quando comunidades que supostamente sobreviveram por uma década são destruídas em minutos, o resultado é uma perda de tensão dramática. Em vez de provocar impacto, esse tipo de cena acaba transmitindo a sensação de que nenhuma tentativa de reconstrução é duradoura no universo da série.
Como a nova temporada pode escapar do mesmo erro
Apesar dos indícios, a terceira temporada de Daryl Dixon ainda pode evitar cair no mesmo ciclo. Uma alternativa seria justificar a destruição da cidade espanhola com a ação de um grupo inimigo mais forte, cuja força militar ou estratégia surpreendente tornasse plausível a queda rápida da comunidade.
Outra opção seria apresentar variantes mais perigosas dos walkers, como os zumbis ácidos ou velozes vistos anteriormente na França. Uma nova ameaça biológica, ainda desconhecida pelos sobreviventes, poderia explicar a destruição repentina e dar novo fôlego à mitologia da franquia.
Mais do que apenas eliminar comunidades, é essencial que a série explore as consequências dessas perdas. Mostrar como a população local reage, como os protagonistas processam a destruição e o que aprendem com ela pode tornar esse recurso narrativo mais significativo e menos descartável.
Caso a nova cidade seja destruída sem nenhuma justificativa convincente, a franquia corre o risco de comprometer ainda mais a credibilidade de seus spinoffs. As repetições de fórmulas enfraquecem a proposta de expansão do universo e tornam os novos cenários pouco relevantes.
Para Daryl Dixon, que tem se destacado por apresentar uma abordagem diferente e cenários internacionais, a terceira temporada representa uma oportunidade de corrigir esses desvios.
Se conseguir construir uma trama coerente, que valorize as comunidades apresentadas e evite destruí-las de forma genérica, o spinoff pode sair na frente e se consolidar como o mais consistente da nova fase de The Walking Dead.