Nos últimos anos, a Netflix tem apostado em minisséries de suspense que exploram crimes e dilemas morais com um olhar contemporâneo. Isso aconteceu recentemente com o sucesso estrondoso de Adolescência e, agora, com Cilada, essa estratégia ganha mais um capítulo.
Ambientada na cidade de Bariloche, na Patagônia, a trama acompanha a repórter Ema Garay, que se envolve na busca por uma adolescente desaparecida, ao mesmo tempo em que investiga um caso de assédio online.
O realismo da trama levanta uma dúvida comum entre os espectadores: afinal, Cilada é inspirada em uma história real? Apesar de abordar temas extremamente presentes na sociedade atual, a minissérie é uma obra de ficção baseada em um livro do autor Harlan Coben.
Adaptação livre de um best-seller americano
Cilada é uma versão atualizada do romance de mesmo nome publicado por Coben em 2010. Na obra original, a trama se passa em Nova Jersey e gira em torno da jornalista Wendy Tynes e do suspeito Dan Mercer. Ambos foram transformados na série em Ema Garay e Leo Mercer, respectivamente, com ajustes significativos no tempo e no espaço.
Com direção de Miguel Cohan, a adaptação leva a história para San Carlos de Bariloche e avança a cronologia da trama para 2020. A mudança de cenário, segundo o próprio Coben, foi uma escolha acertada. Em entrevista à Variety, o autor destacou que Bariloche oferece um clima de isolamento ideal para uma narrativa de suspense.
Apesar de não ter participado ativamente da produção da série, Coben aprovou a abordagem da equipe argentina. Segundo ele, a cidade recria de forma orgânica o mesmo tipo de tensão e atmosfera do livro, mesmo com alterações no enredo.
Embora seja o criador da história, o autor costuma dar liberdade criativa total para as equipes locais desenvolverem as adaptações de seus livros. Em Cilada, ele não interferiu no roteiro nem na produção, mas acompanhou a escolha do elenco. Inclusive, foi ele quem sugeriu Soledad Villamil para o papel de Ema.
Temas atuais aproximam a ficção da realidade
Um dos pontos que mais fortalecem a sensação de uma história real na série é o foco em crimes digitais. A narrativa começa com a investigação de Ema sobre um aliciador de menores que age em plataformas online. O tema, infelizmente, é bastante real. Nos últimos anos, o número de crimes de assédio cresceu exponencialmente em vários países.
Na vida real, há vários relatos de operações organizadas por autoridades ou por grupos independentes para identificar e denunciar abusadores. Alguns desses casos envolvem perfis falsos criados por ativistas para flagrar criminosos em potencial. Esse tipo de abordagem está diretamente ligado à forma como Ema conduz sua investigação em Cilada, o que reforça a ligação da obra com questões do cotidiano.
Ainda que a série não seja baseada em fatos reais, sua força está justamente na forma como traduz medos contemporâneos em ficção e diáloga diretamente com crimes reais.
Cilada está disponível na Netflix.