Chegou ao Apple TV+ a série Chefe de Guerra, nova produção histórica estrelada e cocriada por Jason Momoa. Dividida em nove episódios, a trama acompanha a trajetória de Kaʻiana, um guerreiro havaiano envolvido em disputas políticas e militares durante a tentativa de unificação do arquipélago.
Embora a narrativa adote certa liberdade criativa para fins dramáticos, a obra parte de figuras e fatos reais. Situada entre 1782 e 1810, a história retrata um período de intensos conflitos entre os quatro principais reinos havaianos: Oʻahu, Maui, Kauaʻī e Hawaiʻī. Foi nesse contexto que Kamehameha I iniciou sua campanha de conquista para formar o Reino do Havaí.
Kaʻiana, vivido por Momoa, era descendente da nobreza havaiana e teve papel ativo em diferentes frentes. Ao lado dos irmãos Nāhiʻōleʻa e Nāmākēhā, inicialmente ajudou Kahekili II a conquistar Oʻahu, mas abandonou o líder ao discordar de suas decisões. Mais tarde, embarcou com o navegador britânico John Meares em uma jornada que o levou à China, à costa noroeste da América e às Filipinas.
O guerreiro e o reino fragmentado
Durante sua passagem pelo mundo ocidental, Kaʻiana teve acesso a tecnologias como armas de fogo e canhões. De volta ao Havaí, ele passou a colaborar com Kamehameha, levando seus conhecimentos estrangeiros para os campos de batalha.
A relação entre os personagens da série também se baseia em laços genealógicos documentados. Kaʻiana era neto de Keaweʻīkekahialiʻīokamoku, o que o tornava parente direto de Kamehameha I e de outros membros da aristocracia havaiana.
A personagem Kaʻahumanu, interpretada por Luciane Buchanan, nasceu na ilha de Maui, filha de um adversário de Kahekili II, e mais tarde se tornou esposa de Kamehameha. Suas conexões familiares abrangiam várias lideranças do arquipélago.
Influências externas e transformações
A presença europeia no Havaí se intensificou a partir de 1778, quando o explorador britânico James Cook chegou às ilhas em sua terceira viagem pelo Pacífico. Embora breve, sua passagem marcou o início de uma nova fase nas relações exteriores do povo havaiano.
A chegada do capitão John Meares, também retratada na série, ilustra esse processo de intercâmbio cultural. O contato com estrangeiros levou à introdução de armas de fogo, novas estratégias de guerra e alterações no comércio local.
Com a ascensão de Kamehameha, o arquipélago passou a ser reconhecido como um reino unificado. Essa soberania, porém, duraria até 1893, quando a monarquia havaiana foi deposta, antecedendo a futura anexação pelos Estados Unidos em 1959.
Da história à ficção
Embora adapte eventos para criar uma narrativa mais fluida, Chefe de Guerra se destaca pelo cuidado com a ambientação e o respeito aos detalhes culturais. A equipe utilizou elementos autênticos da língua havaiana e da tradição oral para reforçar a fidelidade da trama.
A escolha de Jason Momoa como protagonista vai além do apelo popular. Descendente dos povos polinésios e natural do Havaí, o ator assumiu a responsabilidade de contar uma parte essencial da história de seu povo. Além de interpretar Kaʻiana, Momoa assina a cocriação, produção executiva e direção do episódio final da série.
Chefe de Guerra está disponível exclusivamente no Apple TV+, com novos episódios todas as sextas-feiras até 19 de setembro.