Você assistiu As Quatro Estações do Ano na Netflix, se envolveu com os dilemas dos casais, se emocionou com os reencontros e, em algum momento, pensou: “isso com certeza aconteceu de verdade”. Mas será que aconteceu mesmo?
A série parece tão real que muitos acreditam estar diante de uma história baseada em fatos. A verdade, porém, é outra, e envolve um filme clássico dos anos 80, roteiristas afiados e uma vontade clara de fazer tudo parecer… real demais.
A série não é baseada em uma história real, mas quer parecer que é
Apesar da sensação de familiaridade, As Quatro Estações do Ano não é inspirada em fatos reais. Toda a trama é ficcional, cuidadosamente construída para refletir dilemas comuns da vida adulta. A série foi criada por Tina Fey, Lang Fisher e Tracey Wigfield, que mergulharam fundo nas questões emocionais de casamentos longos, separações, reconciliações e amizades duradouras.
Esse esforço em retratar sentimentos verdadeiros e conflitos reais é o que faz muita gente acreditar que está assistindo algo vivido por alguém de verdade. Mas, por trás de cada situação tocante, há uma sala de roteiristas experientes criando personagens com os quais nos identificamos, e é aí que mora a força da série.
A inspiração veio de um clássico do cinema dos anos 80
Embora não seja baseada em uma história verídica, a série é sim uma adaptação. As Quatro Estações do Ano tem como base o filme do mesmo nome de 1981, escrito, dirigido e estrelado por Alan Alda. O longa também gira em torno de três casais que fazem viagens juntos a cada nova estação do ano, até que um deles decide se divorciar, e a mudança abala toda a dinâmica do grupo.
A versão da Netflix aproveita essa premissa, mas a atualiza com temas contemporâneos e maior profundidade emocional. O novo formato permite mais tempo para desenvolver os personagens e explorar nuances das relações modernas, ampliando o debate sobre amor, amizade, identidade e maturidade emocional.
Personagens atualizados e conflitos que refletem os tempos de hoje
Uma das mudanças mais relevantes da adaptação foi a inserção de um casal homoafetivo, Danny e Claude, substituindo um dos casais héteros do filme original. A decisão não apenas moderniza a história, como também amplia as possibilidades de narrativa, explorando diferentes formas de amar e enfrentar os dilemas da convivência a dois.
Outro destaque está na personagem Ginny, a nova e jovem namorada de Nick. Ao invés de cair no clichê da “namorada de ocasião”, ela é escrita com profundidade e complexidade. A atriz Erika Henningsen comentou que Ginny “não parece um rebote”, algo que torna a relação entre os dois mais crível e delicada, mesmo com o abismo geracional entre eles.
Tudo na série é pensado para tocar o espectador com verdade
Segundo a roteirista Tracey Wigfield, a proposta da equipe era criar algo que parecesse real. E conseguiram. Desde os roteiros até as atuações, tudo é moldado para parecer uma fatia da vida. Não há vilões caricatos, grandes revelações forçadas ou reviravoltas mirabolantes, só pessoas tentando lidar com sentimentos complexos em momentos diferentes da vida.
Ao longo dos episódios, o público acompanha os casais enfrentando crises silenciosas, distanciamentos, reconexões e aquela sensação de que, mesmo após décadas de relacionamento, ainda é possível descobrir algo novo, ou assustador, sobre quem está ao seu lado.
Uma obra fictícia que parece biográfica e esse é o segredo
O que faz As Quatro Estações do Ano parecer uma história real não é o enredo, mas o sentimento. Ela mostra que o amor exige manutenção, que a amizade precisa de cuidado e que a vida adulta é uma eterna tentativa de equilibrar tudo ao mesmo tempo.
Mesmo sem ser baseada em pessoas reais, a série captura algo universal: o desejo de encontrar sentido nos relacionamentos e nas rotinas que construímos ao longo dos anos. Essa é a mágica por trás de uma boa ficção: ela pode ser inventada do zero, mas ainda assim dizer verdades que tocam a todos nós.
As Quatro Estações do Ano está disponível na Netflix.