Lançada nesta sexta-feira (12), As Maldições chegou à Netflix com três episódios que chamaram atenção por sua narrativa intensa, situada no meio de disputas políticas e revelações familiares.
A história acompanha o governador Fernando Rovira, que enfrenta um momento decisivo em sua carreira ao mesmo tempo em que lida com o sequestro de sua filha, Zoe. A tensão cresce quando as escolhas pessoais se entrelaçam a uma votação sobre a exploração de lítio, expondo jogos de interesse e traições próximas.
A obra é inspirada em um livro
Apesar de seu tom realista, a minissérie não se baseia em um caso verídico. A trama tem origem no romance Las maldiciones, escrito por Claudia Piñeiro e publicado em 2017. O livro foi o ponto de partida para a adaptação criada por Daniel Burman, que trabalhou em parceria com roteiristas como Natacha Caravia, Martín Hodara, Andrés Gelós e Pablo Gelós.
O próprio Burman explicou que encontrou na obra literária personagens com dilemas morais complexos, que pediam espaço para se desenvolver em formato de série. Para ele, transformar a narrativa em minissérie, e não em filme, foi a melhor forma de explorar a densidade das relações e conflitos.
Conexões com a realidade
Embora os personagens sejam fictícios, os dilemas políticos retratados em As Maldições dialogam diretamente com a realidade da Argentina. O enredo gira em torno do chamado Projeto das Águas, que poderia frear a exploração de lítio sem restrições. A discussão remete ao debate atual sobre os impactos sociais e ambientais da mineração no país.
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Relatórios recentes apontam a Argentina como uma das maiores detentoras de reservas de lítio do mundo, recurso central para a indústria de baterias. Ainda assim, a produção nacional permanece abaixo do potencial devido à falta de tecnologia, atraindo investimentos estrangeiros, principalmente da China.
Ficção que reflete tensões geopolíticas
Na minissérie, Rovira busca alianças com corporações interessadas em expandir a extração, acreditando que os lucros trariam empregos e infraestrutura. Por outro lado, a oposição defende a preservação dos territórios, aproximando a ficção de disputas reais envolvendo comunidades locais e multinacionais.
O embate entre economia e meio ambiente não é apenas pano de fundo, mas o motor da trama. A conexão entre narrativa e contexto geopolítico reforça a sensação de realismo, ainda que os eventos e personagens tenham sido criados pela autora.
Portanto, As Maldições não adapta uma história real, mas sim um romance que reflete de maneira simbólica e crítica a política argentina, construindo uma ficção ancorada em problemas reconhecíveis.