
A segunda temporada de Andor chega ao fim carregando o peso de duas missões difíceis: encerrar a jornada de personagens centrais com coerência e, ao mesmo tempo, alinhar a narrativa com os eventos de Rogue One.
Longe de buscar respostas fáceis ou soluções espetaculares, a série opta por um desfecho denso, fragmentado e profundamente humano.
Com três episódios finais mais contidos, a temporada conclui com um lento desmoronar de estruturas. As mortes, traições e rupturas são silenciosas, mas devastadoras, e são elas que preparam o terreno para o que está por vir.
Um império em colapso
O último arco começa com Lonni Jung, o agente duplo do ISB, revelando a Luthen Rael informações sobre uma arma secreta que o Império está desenvolvendo.
Embora ainda não saiba seu nome, trata-se da Estrela da Morte. Essa descoberta leva Luthen a tentar destruir provas e fugir de Coruscant, mas ele é capturado por Dedra Meero.
Enquanto é mantido vivo à força em um hospital imperial, Kleya revive em flashbacks a origem de sua relação com Luthen. Em paralelo, infiltra-se no hospital e o mata para impedir que ele seja usado como ferramenta contra a Rebelião.
Através de um pedido de socorro enviado a Yavin IV, Cassian, Melshi e K-2SO embarcam em uma missão de resgate.
Kleya sobrevive, mas o impacto da perda a consome. Sem Luthen, seu futuro é incerto. Cassian, por sua vez, segue para a missão que o levará diretamente à trama de Rogue One.
Uma nova geração resiste
Em Mina-Rau, Bix Caleen reaparece em uma das cenas mais emocionantes do final. A personagem, que deixou a Rebelião por medo de prejudicar Cassian, assiste a um nascer do sol com seu filho – fruto da relação com o protagonista.
Essa passagem reforça um dos temas centrais da série: o sacrifício de alguns para que outros possam viver. Mesmo em uma história marcada por perdas, a existência de novas vidas carrega um tipo de esperança silenciosa que transcende batalhas.
Ao mesmo tempo, a narrativa dá destaque às consequências dos atos de Dedra Meero e Partagaz. O manifesto de Nemik se espalha pela galáxia, apesar das tentativas do ISB de contê-lo. Partagaz, diante do fracasso na captura de Luthen e do avanço do programa da Estrela da Morte, tira a própria vida.
A queda dos algozes
Dedra, acusada de traição e responsabilizada pela obsessão com Luthen, é enviada para a mesma prisão eletrificada de onde Cassian escapou na primeira temporada. Seu fim é brutal quando perde tudo o que acreditava controlar e se torna mais uma vítima do sistema que ajudou a alimentar.
Essas conclusões não servem como redenção, mas como um lembrete do que a série insiste em mostrar desde o início: mesmo os que inicialmente se beneficiam do fascismo não estão imunes à sua crueldade. O Império consome aliados e inimigos com a mesma voracidade.
Cassian, Melshi e K-2SO seguem juntos. Em meio ao luto, encontram abrigo um no outro. Em uma das últimas cenas, os três compartilham um momento de leveza, como se o laço entre eles fosse o último respiro antes da batalha final.
Um fim que não encerra
A segunda temporada de Andor é também uma história sobre o tempo. Ao saltar um ano entre cada bloco de episódios, a série retrata o desgaste das relações, a evolução da resistência e o endurecimento do Império. A demora para que o Senado seja dissolvido, por exemplo, mostra que o autoritarismo se constrói aos poucos.
Mesmo em meio a tanto pessimismo, o final não abandona a esperança. A luta é dura, mas a continuidade do sonho depende de quem sobrevive. A morte de Luthen, Syril e outros personagens mostra o custo dessa resistência, enquanto Kleya, Bix, Mon Mothma e Vel seguem adiante.
O nascimento do filho de Cassian e Bix é a prova de que, apesar de tudo, a vida persiste. Onde Star Wars costumava encerrar seus ciclos com um pôr do sol, Andor escolhe a alvorada, e talvez esse seja o maior recado de todos.
Andor está disponível no Disney+.