A história de Alice in Borderland sempre instigou o público com jogos de sobrevivência, mas também com um mistério central: o que é, afinal, o Borderland?
Ao longo das duas primeiras temporadas, a série japonesa ofereceu pistas sobre a natureza do lugar onde Arisu e seus amigos estão presos, sem nunca entregar todas as respostas de forma definitiva.
Com a confirmação de uma terceira temporada, a discussão em torno do assunto ganhou força. Mais do que um espaço físico, o Borderland funciona como uma espécie de dimensão alternativa, onde o tempo e a realidade seguem regras distintas.
A segunda temporada, no entanto, trouxe revelações que aproximam essa interpretação de uma explicação mais concreta.
Entre a vida e a morte
Logo no início da série, Arisu e os amigos se escondem em um banheiro da estação de Shibuya e, ao saírem, encontram uma Tóquio completamente vazia. A cena remete a animes do gênero isekai, onde personagens são transportados para mundos paralelos.
No entanto, a segunda temporada sugere que a transição é ligada a um evento catastrófico no mundo real. A série mostra que, momentos antes de tudo mudar, uma chuva de meteoros atingiu Tóquio, deixando vários feridos.
Os jogadores estavam entre a vida e a morte, em coma ou inconscientes, e a consciência deles foi projetada para esse espaço entre realidades. Nesse sentido, o Borderland seria uma espécie de purgatório, onde a sobrevivência nos jogos reflete a força de vontade de seguir vivendo.
Ao vencer os desafios, alguns personagens acordam em hospitais da vida real, sem lembrar dos acontecimentos no Borderland. Outros, que não sobrevivem ou decidem permanecer, são interpretados como mortos.
Jogos como reflexo da sobrevivência
O papel dos jogos vai além da competição, se tornando representações metafóricas do estado de cada jogador no mundo real. Quem enfrenta os desafios com garra, mesmo ferido, demonstra uma forte conexão com a vida. Os que desistem ou são vencidos, por outro lado, não resistem aos danos físicos ou emocionais da realidade.
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Essa leitura também explica por que personagens como Karube e Chota morrem cedo na trama. Eles reconhecem que Arisu tem mais razões para continuar, mais força para viver, e se sacrificam para que ele tenha uma chance de seguir em frente.
O sistema de cartas também serve como simbolismo: enquanto os números indicam dificuldades progressivas, as figuras representam desafios mais complexos e internos.
No mangá, o Coringa, apresentado ao final da segunda temporada, é tratado como uma espécie de barqueiro, que conduz as almas entre diferentes estados da existência.
Na série, ele pode ganhar uma função maior, assumindo o papel de um possível arquiteto do Borderland ou como o último obstáculo antes da libertação definitiva.
Um purgatório com regras próprias
Considerando tudo que foi revelado até aqui, o Borderland pode ser visto como um purgatório narrativo, onde cada jogador precisa enfrentar seus maiores medos e dores para provar que merece continuar.
A passagem por esse universo permite que os sobreviventes reflitam sobre suas vidas e decidam se estão prontos para seguir ou aceitar o fim.
A resposta para o que é o Borderland não é simples ou direta, mas a série deixa pistas suficientes para montar esse quebra-cabeça.
Com a chegada da terceira temporada, há esperança de que o mistério seja finalmente esclarecido.
