O nome de Ayrton Senna carrega uma força rara no imaginário brasileiro. Décadas após sua morte, o piloto continua sendo sinônimo de talento e idolatria. Mas, por trás da imagem do campeão, existia um homem com medos, paixões e dilemas. É esse lado pouco explorado que Adriane Galisteu revela em Meu Ayrton por Adriane Galisteu, série documental que chegou à HBO Max.
Com apenas dois episódios, a produção dirigida por João Wainer apresenta uma narrativa pessoal e emocional sobre o relacionamento entre Galisteu e Senna. Mais de 30 anos depois do acidente que tirou a vida do piloto, a apresentadora revisita memórias e compartilha vivências íntimas de uma relação marcada pela intensidade e pela exposição pública.

A história por trás do ídolo
O documentário mostra o encontro do casal em um momento em que Senna vivia o auge da carreira. Galisteu, então modelo em ascensão, conheceu o piloto de forma discreta, longe dos holofotes, e passou a acompanhá-lo em viagens e competições. O público, no entanto, só descobriu a relação pouco antes da tragédia de 1994.
Em depoimentos e registros de época, a série apresenta o cotidiano de Senna fora das pistas, abordando seus hábitos, reflexões e fragilidades. Segundo a HBO Max, o primeiro episódio, intitulado Conto de Fadas, resgata o início da relação e o impacto da notoriedade, enquanto o segundo, Metamorfose, acompanha o luto e o processo de reconstrução de Adriane após a perda.
O documentário não se propõe a ser uma biografia completa, mas sim uma memória pessoal. A própria Galisteu faz questão de destacar que a série “não é uma resposta”, mas um espaço para contar a sua versão dos fatos. O enfoque é intimista, e a narrativa dá voz a uma mulher que, por anos, foi alvo de julgamentos e boatos.
Meu Ayrton também expõe como a imprensa da época tratou a relação dos dois, evidenciando o contraste entre a idolatria nacional por Senna e o escrutínio voltado a Galisteu. A série contextualiza o ambiente de fama e pressão em que o casal vivia, mostrando como a mídia influenciava a percepção pública do relacionamento.

Bastidores e produção
Com dois episódios de 45 minutos, dirigida por João Wainer e produzida pela Magnífica Produções em parceria com a Warner Bros. Discovery, a série aposta em uma linguagem documental moderna, com imagens de arquivo, cartas e entrevistas inéditas.
O projeto também marca um reencontro entre a apresentadora e o público sob uma nova perspectiva, mais madura e reflexiva. Ao narrar a própria história, Adriane resgata lembranças de um tempo em que viveu o amor e o luto sob os olhos do país inteiro, oferecendo um testemunho pessoal sobre o peso da tragédia.
Meu Ayrton por Adriane Galisteu é uma obra sobre memória e identidade. A série permite que novas gerações conheçam um lado diferente de Senna para além do mito das pistas, explorando a faceta do homem que sonhava, ria e amava.
Ao mesmo tempo, revela a trajetória de uma mulher que transformou dor em narrativa, ressignificando uma das histórias mais comentadas do Brasil dos anos 90.
