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Adolescência: Série da Netflix é baseada em história real?

Novo sucesso do streaming é chocante.

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A Netflix tem reúnido esforços para trazer séries que desafiam o espectador, com abordagens inéditas e atuações viscerais. Algumas produções são tão impactantes e contemporâneas que fazem o público se perguntar até que ponto a história é inspirada em fatos reais. Esse é o caso de Adolescência, minissérie britânica que acompanha uma família devastada pela acusação de assassinato contra seu filho adolescente.

Com uma narrativa intensa e atual, a série mergulha na vida da família Miller e seu filho Jamie, um garoto de 13 anos acusado de matar uma colega de escola. Além do mistério em torno do crime, a trama explora questões sociais profundas e acontecimentos que se aproximam de nossa realidade

Esses fatores levaram grande parte do público a um questionamento pertinente acerca da narrativa: Adolescência foi inspirada em eventos reais?

A origem da história

Embora não seja baseada diretamente em um caso específico, Adolescência tem suas raízes na realidade. Stephen Graham, criador e ator da série, revelou que a ideia surgiu após ler uma notícia sobre um jovem acusado de esfaquear uma garota.

Ao lado do roteirista Jack Thorne, Graham aprofundou a pesquisa, analisando outros casos de crimes cometidos por crianças e adolescentes. Um dos principais materiais que influenciaram o roteiro foi o livro Cries Unheard: Why Children Kill, da autora Gitta Sereny, que examina o caso de Mary Bell, uma menina de 11 anos que matou duas crianças na década de 1960.

Além de referências a crimes reais, a série também foi moldada por uma preocupação crescente no Reino Unido: o aumento da criminalidade entre jovens, especialmente envolvendo armas brancas. Nos últimos anos, o país tem registrado um crescimento alarmante nos casos de violência juvenil, muitas vezes ligada a pressões sociais, influência da internet e falta de diálogo sobre masculinidade tóxica.

Vale lembrar que a maioridade penal no Reino Unido começa aos 10 anos, o que significa que crianças podem ser responsabilizadas criminalmente muito cedo. Esse detalhe torna a experiência de assistir Adolescência ainda mais incômoda, pois Jamie Miller, apesar de sua idade, é tratado como um suspeito de assassinato desde o início, sem qualquer tentativa de suavizar sua situação.

A série evidencia como a justiça britânica lida com jovens acusados de crimes graves e como a sociedade tende a enxergar essas pessoas como seres ingênuos por sua idade – o que fica bem claro que Jamie não é.

A escolha de um protagonista comum

Outro aspecto que torna Adolescência tão avassaladora é a decisão de apresentar uma família comum no centro da história. Jamie Miller não é retratado como um sociopata, mas como um adolescente aparentemente normal, criado por pais que tentam fazer o melhor por ele. Essa abordagem reforça a ideia de que a violência pode surgir em qualquer contexto, especialmente quando certos sinais são ignorados ou subestimados.

Ao longo da série, a trama mostra como pequenas influências podem se acumular e moldar a mentalidade de um jovem. O isolamento, o consumo de conteúdo problemático na internet e a busca por pertencimento são elementos explorados de maneira profunda, tornando a narrativa ainda mais perturbadora.

Embora a história de Jamie seja fictícia, os temas abordados na série são extremamente reais. A violência juvenil, a radicalização online e a falta de comunicação entre pais e filhos são problemas contemporâneos que continuam a crescer.

A série também faz uso de uma narrativa tensa e bem construída para provocar reflexões sobre como a sociedade pode intervir para evitar que tragédias como essa se repitam. Dessa forma, Adolescência não é apenas um drama policial, mas um estudo sobre os perigos invisíveis que cercam os jovens em uma realidade cada vez mais tomada pela violência.

 
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