
Quando The 100 chegou ao fim em 2020, muita gente sentiu um verdadeiro vazio. Afinal, poucas séries conseguiram entregar tanta tensão, dilemas morais, reviravoltas chocantes e personagens complexos ao longo de sete temporadas. Clarke Griffin, Bellamy, Octavia… não era só uma história pós-apocalíptica, era um campo de batalha emocional.
Mas o luto por uma série querida pode virar oportunidade de descoberta. Se você está entre os órfãos de The 100, talvez esteja prestes a conhecer a série que pode curar essa saudade ou pelo menos fazer o coração bater mais forte de novo. E não, não é mais uma produção genérica de sci-fi. The Expanse tem tudo o que The 100 tinha, e mais um pouco.
The Expanse constrói um futuro onde o caos político é tão perigoso quanto o espaço
The Expanse começa com um cenário grandioso e, ao mesmo tempo, assustadoramente plausível: a humanidade colonizou o sistema solar. Há colônias na Lua, em Marte e no Cinturão de Asteroides. Mas a promessa de um futuro melhor se perdeu em meio à ganância, desigualdade e disputas por poder.
A Terra é controlada por uma ONU inchada, Marte virou uma potência militar com planos obsessivos de terraformação e o Cinturão, onde vivem os Belters, sofre com a escassez e a opressão. Tudo isso é pano de fundo para uma narrativa cheia de conspirações, investigações e, claro, uma ameaça alienígena que pode colocar tudo a perder.
Se isso soa familiar, é porque lembra muito os confrontos entre os habitantes da Arca e os Grounders em The 100. O universo é diferente, mas o peso das decisões, o choque entre culturas e a luta por sobrevivência permanecem intensos.
Personagens tão humanos quanto intensos
Um dos grandes trunfos de The 100 era fazer o espectador amar (e às vezes odiar) seus protagonistas. Em The Expanse, a jornada emocional dos personagens é igualmente marcante. E o melhor: ela cresce de forma orgânica, sem pressa, sem forçar a barra.
James Holden, Naomi Nagata, Amos Burton e Chrisjen Avasarala são tão densos quanto Clarke, Bellamy ou Octavia. Holden, por exemplo, precisa tomar decisões que afetam planetas inteiros, o mesmo tipo de peso que Clarke carregava nos ombros. Já Amos, com seu instinto de sobrevivência frio e direto, lembra muito a transformação de Octavia ao longo das temporadas.
Cada personagem em The Expanse tem camadas. Eles não são heróis perfeitos. São falhos, às vezes cruéis, às vezes idealistas demais. E justamente por isso são tão reais. O drama não está apenas nas explosões espaciais, mas nas escolhas morais que cada um precisa enfrentar.
Um mundo sci-fi que vai além do visual futurista
A construção de mundo em The Expanse é uma aula de ficção científica. Tudo tem uma lógica interna consistente: da forma como os Belters falam (com seu próprio idioma e gestos) até a obsessão marciana por transformar Marte em um planeta habitável. Nada está ali só para parecer futurista, tudo tem função, origem e consequência.
E por mais que The 100 também tenha evoluído ao longo das temporadas, mudando o cenário da Terra para o espaço e depois para outro planeta, The Expanse já começa em um universo mais maduro, mais sólido. É como se o que The 100 levou anos para construir, The Expanse entregasse desde o primeiro episódio, mas com muito mais cuidado e profundidade.
Conflitos que não tratam o espectador como ingênuo
Em The 100, a linha entre certo e errado era constantemente desafiada. Era comum o público se pegar pensando: “Será que Clarke fez a escolha certa?” ou “Octavia passou dos limites?”. Essa zona cinzenta é uma das coisas que os fãs mais amavam na série.
The Expanse mergulha ainda mais fundo nesse território moral. Os conflitos políticos não são simples: eles envolvem alianças frágeis, interesses ocultos e um senso de justiça que muda dependendo do ponto de vista. É impossível assistir sem se questionar o tempo todo. Quem está realmente certo aqui? Qual seria a minha escolha?
Assim como The 100, The Expanse confia na inteligência do público. Não há vilões caricatos nem heróis infalíveis, só pessoas tentando sobreviver e fazer o melhor, mesmo que isso signifique tomar decisões terríveis.
Cada episódio é uma bomba-relógio emocional
Se você gostava de como The 100 mudava radicalmente de rumo a cada temporada, às vezes até a cada episódio, vai se sentir em casa com The Expanse. A série é uma montanha-russa: há episódios centrados em política, outros focados em missões espaciais e até episódios que exploram as consequências filosóficas de uma tecnologia alienígena misteriosa.
Essa imprevisibilidade mantém o espectador grudado na tela. Você nunca sabe se o próximo episódio vai ser um respiro ou um novo caos. É exatamente essa tensão constante que fazia The 100 ser tão viciante. E aqui, ela vem com um bônus: o roteiro é mais coeso, mais amarrado, e o final, sem spoilers, realmente entrega.
Todas as seis temporadas de The Expanse estão disponíveis no Prime Video.