
Encerrar uma maratona costuma deixar aquela sensação agridoce: de um lado a satisfação de ter acompanhado cada passo dos personagens, do outro um vazio que implora por uma nova história.
Entre tantos títulos disponíveis, encontrar uma obra que preencha esse espaço pode parecer tarefa ingrata. Felizmente, o catálogo da Netflix guarda produções que mergulham nos mesmos conflitos humanos, capazes de manter o espectador na beira do sofá.
Entre as melhores opções nesse cenário está Ozark, thriller criminal que entrega a mesma mistura de choque e empatia sentida em O Píer. Completa, a série oferece quatro temporadas prontas para serem vistas em sequência.
Criada por Bill Dubuque e Mark Williams, Ozark apresenta Marty e Wendy Byrde, casal que deixa Chicago para lavar dinheiro de um cartel nas margens do lago que dá nome à produção. Logo o casal se vê preso em uma teia de conflitos que ameaça tanto os negócios quanto a segurança da família.
Por que Ozark conversa com o público de O Píer
Tanto Ozark quanto O Píer revelam como uma vida aparentemente estável pode ruir diante de escolhas arriscadas. Em ambas, a fachada de normalidade se desfaz quando segredos vêm à tona, colocando a família no centro de dilemas éticos profundos.
O cenário isolado dos Ozarks reforça o clima de claustrofobia semelhante ao microcosmo marítimo explorado em O Píer. Cada canto guarda uma história, e todos parecem saber mais do que demonstram.
O fio narrativo se apoia em culpa, sobrevivência e lealdade. Ao ver os Byrde improvisarem acordos para driblar autoridades e rivais, o público revisita a tensão moral que move a trama espanhola.
Com interpretações contidas, Jason Bateman e Laura Linney conduzem o espectador por caminhos sombrios, equilibrando frieza estratégica e medo palpável. A dinâmica entre eles não deixa espaço para julgamentos fáceis.
Além disso, desde sua estreia em 2017, a narrativa colecionou prêmios e críticas positivas. No Rotten Tomatoes, mantém 82% de aprovação entre especialistas e 86% junto ao público.
Semelhanças de atmosfera e narrativa
Assim como o porto fictício que serve de palco para O Píer, a região dos lagos do Missouri exerce papel quase orgânico na história, fazndo com que o isolamento físico reflita o isolamento emocional dos protagonistas.
Violência aparece de forma pontual, mas cada disparo ou traição empurra a trama a um ponto de não retorno. Nada ali é gratuito; o roteiro utiliza cada choque para questionar a linha que separa necessidade de ambição.
Completa em 44 episódios, Ozark entrega início, meio e fim sem pressa, mas também sem lacunas. Para quem teme ficar à deriva com cancelamentos, aqui não corre esse risco.
Todas as temporadas estão disponíveis na Netflix.