
Antes mesmo da estreia de Quarteto Fantástico: Primeiros Passos, o Universo Cinematográfico da Marvel já está preparando terreno para apresentações marcantes.
Um dos personagens mais aguardados é o Surfista Prateado, que chega ao MCU com uma versão inesperada e distante de sua representação clássica. Em vez de Norrin Radd, quem assume o posto de arauto de Galactus é Shalla-Bal.
Essa mudança já causou surpresa entre os fãs, mas também levantou o interesse por obras anteriores que abordaram essa personagem e o universo do Surfista. Entre elas, uma animação esquecida dos anos 1990 se destaca por aprofundar conceitos filosóficos e revelar aspectos pouco explorados do personagem.
Uma animação muito à frente de seu tempo
Longe do tom mais leve de outras animações da época, como X-Men e Homem-Aranha, Surfista Prateado apostou em uma abordagem mais sombria e reflexiva. Visualmente, o desenho remete às obras de Jack Kirby, com traços fortes e cores marcantes. A presença de Galactus é imponente, e o uso da animação para representá-lo chamava atenção na época, principalmente entre os espectadores mais jovens.
A trama mergulha em dilemas existenciais e questões morais. O Surfista, guiado pela culpa por ter servido como instrumento de destruição, enfrenta tiranias, ilusões sociais e guerras que o levam a questionar seu papel no universo. Stan Lee, um dos criadores do personagem, sempre o tratou como uma espécie de porta-voz filosófico, algo que a série conseguiu traduzir de forma fiel.
Mesmo com uma única temporada, a animação se destacou como uma das produções mais maduras da Marvel na TV. Ela apresentou ao público versões inusitadas de personagens como Drax, que aqui era um andróide voador com capa roxa, bem diferente do guerreiro interpretado por Dave Bautista nos cinemas. Gamora, Adam Warlock e Nebulosa também aparecem em versões bastante distintas das vistas no MCU.
A origem de Shalla-Bal e sua relação com Norrin Radd
Para quem deseja entender melhor a escolha do MCU em transformar Shalla-Bal na nova Surfista Prateada, a série animada também pode ser um bom ponto de partida. Nos primeiros episódios, ela é apresentada como o grande amor de Norrin Radd, e sua existência é fundamental para as decisões do herói.
A conexão entre os dois é central para a construção emocional do personagem. Em vez de ser apenas um arauto em missões cósmicas, o Surfista é mostrado como um ser dividido entre seu dever e seus sentimentos. A nova fase do MCU parece querer explorar esse lado de forma diferente, transferindo o protagonismo para Shalla-Bal.
Além disso, a animação também traz Thanos como um dos principais antagonistas. Em vez de buscar as Joias do Infinito, ele persegue Lady Morte (renomeada como Lady Caos para evitar censura), o que aproxima ainda mais a trama do tom mitológico que a Marvel adotou em suas fases mais recentes.
Mesmo que a nova produção siga caminhos diferentes, a animação dos anos 1990 oferece um retrato fascinante do potencial narrativo do Surfista Prateado. Revisitar a série pode ser uma forma de enriquecer a experiência com Quarteto Fantástico: Primeiros Passos, entendendo melhor o peso emocional que acompanha o personagem.