
Na maior parte de suas duas primeiras temporadas, A Idade Dourada manteve seus personagens fiéis a arquétipos bem estabelecidos. Mesmo em meio a disputas sociais e ambições pessoais, o equilíbrio raramente era quebrado de forma radical.
Mas a terceira temporada decidiu ir além e reformular George Russell, um de seus personagens centrais, até então conhecido como um empresário frio, bem-sucedido e estrategista.
Acostumado a assumir riscos com frieza e pragmatismo, George agora se aproxima do limite entre ousadia e imprudência. Seu novo projeto de construir uma ferrovia transcontinental revela uma faceta menos controlada, movida por pressa, pressão e decisões cada vez mais impulsivas.
Um império à beira do colapso
Desde o início da temporada, George tenta adquirir terras em Morenci, no Arizona, para viabilizar seu ambicioso plano ferroviário. Sem sucesso nas negociações e com a perda do apoio financeiro de J.P. Morgan, ele entra em uma espiral de ações desesperadas.
Ao demitir seu secretário de longa data por não concluir a compra, e ao enviar o próprio filho Larry para negociar no interior do país, George demonstra sinais claros de tensão.
No episódio mais recente, ele convida Alfred Merrick para jantar e tenta convencê-lo a vender ações de sua ferrovia em Chicago. O plano falha, e Merrick recusa a proposta.
Com isso, George perde mais uma alternativa e fica sem alternativas viáveis para salvar o projeto. A série, que raramente colocava George em uma posição vulnerável, agora o empurra para um território desconhecido.
Consequências dentro de casa
Se os negócios não vão bem, o casamento também entra em colapso. George e Bertha, que sempre atuaram como um casal unido e ambicioso, enfrentam agora uma série de atritos.
As divergências quanto ao futuro de Gladys revelam um desgaste que até então não havia sido exposto. Bertha age sozinha, força decisões e se afasta do marido, que por sua vez começa a enxergar nela uma figura adversária.
O episódio 5 mostra um acúmulo de frustrações. Bertha descobre que George demitiu Clay e que Larry foi enviado a Morenci sem seu conhecimento. George, por outro lado, se irrita com a postura autoritária da esposa em relação ao noivado da filha. O casal, antes sinônimo de estabilidade e cumplicidade, passa a viver em extremos opostos.
Embora o tema do divórcio já tenha sido anunciado como central nesta temporada, poucos esperavam que os próprios Russell entrassem na estatística. Flertes discretos envolvendo Bertha, somados à essa crescente distância emocional, levantam suspeitas sobre um possível rompimento definitivo.
O contexto histórico também favorece essa virada. Na época, o adultério era uma das poucas justificativas aceitas para divórcio legal. Assim, a presença de outros homens orbitando Bertha pode ser um indício narrativo do caminho que a trama pretende seguir. A quebra do vínculo conjugal, se acontecer, seria um dos maiores choques da série até aqui.
Um novo George para uma nova fase
A terceira temporada marca uma transição importante para o personagem e essa transformação, além de necessária para a dinâmica da história, também expande o campo emocional da série.
George deixa de ser apenas o magnata imbatível e passa a ocupar um espaço mais humano, frágil e imprevisível. Com três episódios restantes, o que está em jogo já não é apenas um projeto comercial ou uma aliança familiar, mas a própria identidade de um dos personagens mais icônicos da trama.
A Idade Dourada está disponível na HBO Max.