Previsões

6 vezes em que Black Mirror previu o futuro de forma assustadora

Esses episódios de Black Mirror já aconteceram e você nem percebeu.

Black Mirror
Black Mirror

À primeira vista, Black Mirror parece só mais uma série sobre o futuro, mas basta prestar atenção para perceber o quanto ela entende o presente. Criada por Charlie Brooker, a série da Netflix sempre explorou até onde a tecnologia pode nos levar… e, em muitos casos, o destino é bem mais próximo do que imaginávamos. 

No entanto, em vez de apenas imaginar possibilidades, a série já acertou previsões que hoje fazem parte do nosso dia a dia. Relembre agora 6 episódios em que Black Mirror não só assustou, mas previu praticamente o futuro.

Black Mirror: Temporada 2, Episódio 1
Black Mirror: Temporada 2, Episódio 1

6. Volto já e a ressurreição digital de entes queridos

O episódio “Volto já”, lançado em 2013, acompanha Martha (Hayley Atwell), que perde o parceiro Ash (Domhnall Gleeson) em um acidente. Abalada, ela adere a um serviço que recria Ash em versão digital, com base em tudo que ele escreveu e disse online. Depois, essa recriação passa a habitar um corpo sintético, idêntico ao original. O problema? Ele é tão parecido que se torna insuportável.

Esse conceito, na época chocante, hoje se aproxima perigosamente da realidade. Em 2022, a Amazon anunciou uma tecnologia experimental que pode simular a voz de uma pessoa falecida usando IA. 

Bastou essa notícia circular para o episódio ser imediatamente citado como referência, e aviso. A recriação digital de pessoas já é uma possibilidade, mesmo que ainda em estágios iniciais. A série voltou ao tema em episódios como “San Junipero”, “U.S.S. Callister” e no especial “Natal”, onde assistentes virtuais são criados a partir da consciência humana. 

Black Mirror: Temporada 4, Episódio 4
Black Mirror: Temporada 4, Episódio 4

5. Hang The DJ e o namoro controlado por inteligência artificial

“Hang the DJ”, episódio da quarta temporada, estreou em 2017 e apresentou um sistema de namoro onde tudo é gerenciado por um algoritmo. Os encontros têm prazos de validade definidos, e tudo acontece em uma simulação criada para calcular compatibilidade. 

Amy (Georgina Campbell) e Frank (Joe Cole) decidem se rebelar contra o sistema, e quando fazem isso, descobrem que são apenas avatares digitais, que ajudaram o app a descobrir sua compatibilidade na vida real.

Se parecia um exagero na época, não parece mais. Em 2024, a CEO do Bumble, Whitney Wolfe Herd, revelou que o aplicativo está desenvolvendo um “concierge de namoro com IA”. A proposta? Deixar que inteligências artificiais conversem entre si em nome dos usuários e indiquem, com base em milhares de interações simuladas, quem realmente vale a pena conhecer. 

Black Mirror: Temporada 3, Episódio 1
Black Mirror: Temporada 3, Episódio 1

4. Queda livre e o pesadelo da reputação digital

Em “Queda livre”, de 2016, acompanhamos Lacie Pound (Bryce Dallas Howard), uma mulher obcecada por manter sua nota social alta em um sistema onde tudo é avaliado por estrelas. Sua pontuação define o lugar onde mora, as pessoas com quem pode se relacionar e até se pode alugar um carro. Quando sua nota começa a despencar por pequenas falhas sociais, ela perde tudo, e é só no fundo do poço que encontra liberdade.

Na época, muita gente viu como uma crítica exagerada às redes sociais. Mas em 2020, a cidade de Suzhou, na China, implementou o “Código de Civilidade”, um app que avalia o comportamento dos cidadãos. 

Cada pessoa começa com 1.000 pontos, podendo ganhar ou perder conforme suas ações: ajudar um idoso aumenta a pontuação, furar um sinal pode diminuir. A nota pode afetar acesso a empregos, crédito e outros serviços. O sistema ainda é local, mas o alerta está dado. E está cada vez mais difícil separar a vida real da distopia digital.

Black Mirror: Temporada 1, Episódio 2
Black Mirror: Temporada 1, Episódio 2

3. Quinze milhões de méritos e o início das microtransações em tudo

No segundo episódio da série, “Quinze milhões de méritos” (2011), a humanidade vive em um sistema onde as pessoas pedalam bicicletas ergométricas para gerar energia e acumulam méritos, que funcionam como moeda. Tudo, absolutamente tudo, é pago com esses méritos: comida, entretenimento e até para pular anúncios.

Naquela época, os jogos com microtransações ainda estavam engatinhando. Mas hoje, pagar para pular anúncios ou desbloquear funcionalidades virou prática comum em apps, plataformas de streaming, redes sociais e, claro, nos games. 

O episódio não só antecipou a obsessão por recompensas digitais como também criticou a transformação do indivíduo em produto. E cá entre nós: quantas vezes você já pagou para evitar um incômodo mínimo? Pois é. A previsão se concretizou, e com juros.

Black Mirror: Temporada 1, Episódio 3
Black Mirror: Temporada 1, Episódio 3

2. Toda a sua história e os chips cerebrais que gravam tudo

O terceiro episódio da primeira temporada, “Toda a sua história”, mergulha em uma tecnologia chamada “grain”, implantada atrás da orelha e capaz de gravar tudo que o usuário vê e ouve. O protagonista, Liam (Toby Kebbell), usa o recurso para revisitar conversas e suspeitar da fidelidade da esposa, até enlouquecer com isso.

O conceito parecia muito avançado em 2011, mas em 2025, Elon Musk anunciou o terceiro implante bem-sucedido da Neuralink. A tecnologia conecta diretamente o cérebro humano a dispositivos eletrônicos, permitindo controlar máquinas com o pensamento. 

Ainda não estamos gravando tudo que vemos, mas o caminho está pavimentado. E se já usamos câmeras em casa e celulares para registrar a vida inteira, por que não implantar essa capacidade no próprio corpo? O episódio virou quase um manual de instruções.

Black Mirror: Temporada 4, Episódio 5
Black Mirror: Temporada 4, Episódio 5

1. Metalhead e os cães-robôs que agora patrulham com armas

Metalhead foi uma virada de tom na série. Em vez de crítica social cheia de ironia, o episódio de 2017 é uma perseguição silenciosa e brutal entre uma mulher chamada Bella (Maxine Peake) e um cão-robô assassino. Sem muita explicação, somos jogados em um cenário pós-apocalíptico onde essas criaturas metálicas exterminam humanos.

E sim, isso já existe. Em 2022, a Força Espacial dos Estados Unidos revelou testes com robôs quadrúpedes equipados com antenas, e em alguns casos, rifles de precisão capazes de disparar a quase 1.200 metros com exatidão. 

O visual? Idêntico ao do episódio. Hoje, esses cães robóticos são usados para patrulhas e operações de vigilância. Mas quem garante que não serão armados em larga escala no futuro? Black Mirror não inventou o conceito, só foi assustadoramente preciso no que viria.

Black Mirror
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O futuro chegou… e não estamos prontos

Black Mirror não tentou prever o futuro, mas acabou acertando várias vezes. Ao explorar os limites éticos da tecnologia e da interação humana, a série criou episódios que hoje se parecem muito com manchetes de jornal. 

Cada história é uma provocação, um alerta, uma forma criativa de dizer: “E se isso fosse real?” A resposta, em muitos casos, é que já é. E nós seguimos em frente, entre fascinados e apavorados. A questão agora não é se mais previsões de Black Mirror vão se concretizar. É quando.

 

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