Taylor Sheridan construiu sua marca sobre uma base sólida, caracterizada por palhaçadas de cowboy, brometos ocidentais e a dor implacável da vida. Nos últimos anos, ele tem expandido seu alcance para o universo militar, explorando a América através de suas imperfeições e revelando o lado sombrio da vida individualista. Sua obra não condena os personagens, mesmo aqueles com falhas evidentes, mas, ao invés disso, respeita aqueles que, apesar de tudo, continuam a lutar. Sheridan tem um talento único para retratar as dificuldades da vida, mostrando tanto as fraquezas de pessoas ricas quanto a coragem dos que enfrentam o sofrimento em busca de um objetivo.
O que torna seu trabalho fascinante é a forma como ele mistura tragédia e comédia, equilibrando as emoções e, às vezes, se aprofundando no absurdo da existência humana. O universo de Yellowstone e seus diversos spin-offs são a face mais conhecida de sua produção, mas ele também tem explorado outras vertentes do entretenimento. Seja em dramas que não se conectam diretamente ao estilo de western, seja em reality shows, Sheridan tem provado que seu alcance criativo vai muito além de um simples gênero. Ele sabe como criar uma atmosfera envolvente, com personagens complexos e situações que capturam a essência da luta humana.
Com nove séries no ar nas quais ele tem influência direta, surge a pergunta: quais dessas produções são as melhores? Quais se destacam como as piores? E será que existem joias escondidas, projetos menos conhecidos que valem a pena ser descobertos? A diversidade de seu trabalho oferece um espectro interessante para a crítica e para os fãs, pois ele consegue navegar por uma ampla gama de temas, sem se prender a um único estilo narrativo. O talento de Sheridan para explorar diferentes camadas da experiência humana é evidente em tudo o que ele cria.
Agora, vamos dar uma olhada nos programas de TV de Taylor Sheridan, classificados por ordem de qualidade, para entender melhor onde ele realmente brilha e onde talvez sua visão criativa precise de mais refinamento. A lista revela não apenas seus acertos, mas também aqueles projetos que podem surpreender o público, mesmo aqueles menos familiarizados com o nome Sheridan.
Yellowstone
Infelizmente, nada que a Paramount Network faça será capaz de apagar o fedor deixado pela última temporada da série. Isso não favorece em nada John Dutton (Kevin Costner), após anos construindo a narrativa em torno de sua rígida codificação moral. Alguns elementos de Yellowstone funcionam bem, mas o desfecho comprometeu a série, selando seu destino como um dos esforços mais decepcionantes de Taylor Sheridan até agora. Resta saber se a série resistirá ao teste do tempo em futuras reexibições — ou se os demais projetos de Sheridan enfrentarão tropeços semelhantes à medida que se aproximam de suas próprias conclusões.
É inegável que Yellowstone tem seus méritos, evocando o espírito de Dallas com sua trama centrada em uma família poderosa e constantemente em conflito. Há o patriarca de moral ambígua, o filho mais velho de temperamento equilibrado, o favorito rebelde e o segundo filho sempre envolvido em intrigas. Até os dramas envolvendo os peões do rancho têm seu apelo. No entanto, com um final apenas modestamente satisfatório, a série deixa a sensação de que poderia ter entregado muito mais. Onde ver: Netflix/Paramount+.
Landman
Até o momento, Landman oferece uma visão relativamente nova sobre a vida nos campos de petróleo do Texas, trazendo a clássica combinação de Taylor Sheridan: uma estrela iconoclasta no centro da trama, conflitos internos no alto escalão corporativo e intrigas familiares intensas.
Billy Bob Thornton lidera o elenco como Tommy Norris, um veterano dos campos petrolíferos que atua como landman titular e vice-presidente de uma empresa do setor em dificuldades. A trama se desenrola em torno de sua relação com Monty Miller (Jon Hamm), um antigo conhecido que agora comanda a M-Tex, uma companhia rival. O drama se intensifica quando Tommy se envolve com Cami (Demi Moore), a esposa aparentemente leal de Monty. Enquanto isso, seus próprios filhos também entram no jogo, ampliando o conflito que parece culminar em uma grande disputa entre energia verde e petróleo.
O futuro da série ainda é incerto, pois Landman aguarda uma renovação pela Paramount+. No entanto, sua estreia atraiu números expressivos, e Demi Moore sugeriu que as filmagens da segunda temporada podem começar no início de 2025. Até lá, a primeira temporada está disponível no Paramount+ para quem quiser conferir. Onde ver: Paramount+.
Tulsa King
Tulsa King adiciona uma dose incomum de humor aos dramas intensos de Taylor Sheridan, acompanhando um mafioso recém-libertado da prisão enquanto tenta se reinventar em um território totalmente desconhecido: Oklahoma. Determinado a tomar o controle da cidade, ele logo descobre que o caminho para o poder está repleto de complicações e confrontos inesperados.
Com duas temporadas no currículo, a série gira em torno de Dwight “O General” Manfredi (Sylvester Stallone), que se especializa em puxar esquemas e realizar golpes enquanto enfrenta a ATF e outras organizações que não compartilham seu entusiasmo pelo crime organizado. Stallone brilha no papel, trazendo um humor sagaz e uma arrogância natural — afinal, ele aproveitou a oportunidade de integrar Tulsa King com gosto. Sua presença magnética continua sendo um dos principais motivos para os fãs acompanharem a série.
Com rumores de uma terceira e quarta temporada no horizonte, além de um possível spin-off ambientado em Nova Orleans, este é o momento perfeito para embarcar na onda de Tulsa King. Onde ver: Paramount+.
Operação: Lioness
Um drama militar intenso e repleto de protagonistas femininas poderosas, Operação: Lioness se destaca dentro da filmografia de Taylor Sheridan ao oferecer uma perspectiva predominantemente feminina — um diferencial raro em suas produções. Além disso, o elenco de peso, liderado por Zoe Saldaña e Nicole Kidman, eleva ainda mais a série, garantindo atuações de alto nível.
A trama acompanha a oficial da CIA Joe McNamara (Saldaña), que precisa equilibrar missões cruciais para a segurança nacional com os desafios de sua vida familiar, incluindo seu casamento com o cirurgião pediátrico Neal (Dave Annable). Ao seu lado, está a sargento de primeira classe Cruz Manuelos (Laysla De Oliveira), que frequentemente mergulha no campo ao lado dela. As missões raramente apresentam dilemas morais simples, forçando a equipe a confrontar suas próprias convicções sobre o que é certo — tanto para elas quanto para o país.
O resultado é um drama mais introspectivo do que celebratório, menos focado em exaltação patriótica e mais em questionamentos profundos. Lioness se firma como um dos projetos mais interessantes e bem-executados de Sheridan, destacando-se como uma das melhores séries do gênero atualmente. Onde ver: Paramount+.
Homens da Lei: Bass Reeves
Taylor Sheridan tem um talento especial para histórias históricas, e Homens da Lei: Bass Reeves é mais uma prova de sua habilidade em transformar figuras reais em narrativas envolventes. A série dramatiza a jornada do lendário Bass Reeves (David Oyelowo), trazendo um retrato complexo e realista da vida de um homem negro tentando manter a paz e a justiça no Território Indígena.
A trama acompanha Reeves enquanto ele se divide entre a tranquilidade de sua fazenda e o dever como vice-marechal dos EUA. No exercício da lei, ele se depara com desafios intensos, incluindo um confronto com a perigosa gangue Underwood e fantasmas de seu próprio passado. À medida que sua autoridade é questionada e suas decisões postas à prova, Reeves se vê forçado a cruzar fronteiras — tanto físicas quanto morais — para proteger sua família.
No centro de tudo está a atuação marcante de David Oyelowo, que transmite com maestria a angústia e o peso das escolhas de Reeves. O resultado é um dos melhores exemplos do que Sheridan pode alcançar quando mergulha em narrativas históricas que realmente o fascinam. Onde ver: Paramount+.
Mayor of Kingstown
Mayor of Kingstown pode ser descrita como uma versão um pouco mais branda de The Wire, mas sem perder a crueza e a profundidade de um drama policial sólido. A série mergulha em um retrato sombrio e implacável de uma cidade dominada pela corrupção, onde a linha entre o crime e a justiça é perigosamente tênue. No centro da história está a família McLusky, que há gerações exerce influência sobre o sistema prisional local.
Jeremy Renner brilha no papel de Mike McLusky, um ex-presidiário que assume a posição de “prefeito” não oficial de Kingstown após a morte de seu pai e irmão. Ele atua como um intermediário entre as forças da lei, os detentos e os criminosos da cidade, tentando manter um equilíbrio frágil entre esses mundos conflitantes. A relação tensa com sua mãe (Dianne Wiest), que despreza o impacto que Kingstown teve em sua família, adiciona ainda mais camadas ao drama.
A série se destaca pelo realismo, fruto da experiência pessoal do co-criador Hugh Dillon, cuja infância serviu de inspiração para a trama. Com uma quarta temporada já em desenvolvimento, Mayor of Kingstown continua sua ascensão e promete alcançar novos patamares. Se você ainda não começou a assistir, este é o momento perfeito para mergulhar nesse thriller intenso e viciante. Onde ver: Paramount+.
1923
Uma prequela que nos transporta para o passado da família Dutton, 1923 explora a vida dos avós e bisavós de John Dutton em um período marcado por flappers, colonialismo, escolas residenciais e violentas disputas por terras. Com atuações excepcionais, a série se consagra como um dos maiores acertos da Paramount+ e uma das melhores obras de Taylor Sheridan.
A trama segue Jacob Dutton (Harrison Ford) e Cara Dutton (Helen Mirren), que assumem a propriedade do Rancho Dutton após a morte de James (Tim McGraw) e Margaret Dutton (Faith Hill). Além de comandar as terras, o casal termina de criar Spencer (Brandon Sklenar) e Jack (Darren Mann), os últimos filhos sobreviventes de James. Enquanto Spencer tenta lidar com os traumas da Primeira Guerra Mundial viajando pelo mundo como caçador de safáris, Jack permanece no rancho, ajudando Cara e Jacob a protegê-lo durante intensas disputas territoriais. Paralelamente, a série também acompanha a jornada de Teonna Rainwater (Aminah Nieves), uma jovem que luta para escapar dos abusos de uma rígida escola de internato.
A riqueza narrativa de 1923 — que combina aventura, drama familiar e críticas sociais — a coloca entre os pontos mais altos do universo de Yellowstone. Mesmo que alguns fãs da franquia discordem, a profundidade emocional e o escopo épico da série fazem dela um dos projetos mais ambiciosos e bem-executados de Sheridan. Onde ver: Paramount+.
1883
Repleta de perdas dolorosas e explorando a fundo os temas de família, destino e lealdade que definem Yellowstone, 1883 é o primeiro spin-off da franquia e uma das histórias mais trágicas da saga dos Duttons. A série mostra o alto preço pago pela família para conquistar suas terras — um sacrifício que os condenaria ao desastre, comprometendo sua harmonia e unidade ao longo das gerações.
A jornada começa quando James (Tim McGraw) e Margaret Dutton (Faith Hill) deixam o Tennessee rumo ao Oeste, sonhando com uma nova vida em Montana. Mas desde o início, a expedição se mostra cruel. O casal luta para manter a família unida, especialmente a jovem Elsa (Isabel May), uma adolescente inocente, mas obstinada, cuja rebeldia pode custar-lhe tudo. Ao lado deles, outros viajantes buscam recomeços: o amargurado guia Shea Brennan (Sam Elliott), o agente da Pinkerton Thomas (LaMonica Garrett) e o imigrante Joseph (Marc Rissmann), entre muitos outros. Mas o Oeste é impiedoso, e a trilha para Montana se transforma em uma jornada repleta de perigos e tragédias. No desfecho de 1883, a maioria dos personagens terá encontrado a morte.
O que torna 1883 tão impactante não é apenas a grandiosidade da história, mas a maneira como Taylor Sheridan a constrói e executa. Seus personagens são intensamente humanos — amáveis, mesmo quando tomam decisões questionáveis —, e tudo é conduzido por um destino inevitável. Sete gerações depois, a terra retorna para aqueles que um dia acolheram Elsa, mostrando que, no fim, a história dos Duttons sempre esteve ligada a algo muito maior do que eles próprios. Onde ver: Paramount+.