Os super-heróis dominaram o mundo, mas a fórmula da Marvel começa a dar sinais de cansaço. Após tantos multiversos, variantes e piadas recicladas, parece que o público anda procurando algo mais.
Enquanto o MCU tenta equilibrar nostalgia e exaustão, algumas séries de super-heróis lembram o que realmente faz uma boa história funcionar: personagens marcantes, conflitos reais e uma dose de insanidade.

Batman: A Série Animada (Netflix e Prime Vídeo)
Difícil pensar em uma animação que tenha moldado tanto o imaginário dos fãs quanto Batman: A Série Animada. Exibida nos anos 1990, ela capturou a essência gótica dos quadrinhos com uma maturidade que poucas obras, mesmo live-action, alcançaram. E o mais curioso? Continua atual até hoje.
Kevin Conroy e Mark Hamill eternizaram as vozes de Batman e Coringa, enquanto cada episódio trazia uma lição sobre moral, solidão e heroísmo. A ambientação sombria e a trilha sonara criaram uma Gotham inconfundível.

Legion (Disney+)
Se existe uma série da Marvel realmente diferente, é Legion. Criada por Noah Hawley, ela mergulha na mente de David Haller, filho de Charles Xavier, e transforma distúrbios mentais em espetáculo visual e narrativo. Psicodélica, confusa e fascinante, Legion é sobre identidade, loucura e poder.
Nada aqui é previsível. Cada episódio parece um experimento artístico disfarçado de série de heróis. Em vez de uniformes brilhantes, temos surrealismo, trilhas hipnóticas e atuações que beiram o teatro. É o oposto do “formato Marvel”.

Watchmen (HBO Max)
Quando Watchmen foi anunciado, muitos duvidaram que daria certo. Afinal, como continuar uma das HQs mais reverenciadas de todos os tempos? Damon Lindelof conseguiu o impossível: fez uma continuação que honra o legado de Alan Moore e, ao mesmo tempo, reflete o presente com coragem política.
A minissérie da HBO é densa, provocadora e carregada de simbolismo. Regina King brilha em uma trama que mistura racismo, identidade e vigilância moral em uma América quebrada. E quando chega o último episódio, é impossível não sentir aquele frio na espinha, o tipo de impacto que o MCU raramente alcança.

Pinguim (HBO Max)
Quem diria que Colin Farrell, escondido sob camadas de maquiagem, daria vida a um dos personagens mais complexos do universo Batman? Pinguim surpreendeu até os mais céticos. Longe das fantasias e explosões, a série é um mergulho nas entranhas criminosas de Gotham.
A fotografia fria, os silêncios carregados de tensão e o roteiro sem pressa constroem uma atmosfera de ascensão e queda que prende até o último minuto. Não há heróis, apenas sobreviventes.

The Boys e Gen V (Prime Vídeo)
Sangue, cinismo e autenticidade, três palavras que definem The Boys e seu spin-off Gen V. Desde a estreia, a série da Prime Video transformou o tédio com super-heróis em empolgação de novo. Ao zombar da própria cultura de celebridades e corporações, ela acerta onde o MCU falha: crítica com propósito.
Homelander se tornou um dos vilões mais fascinantes da década, enquanto Gen V levou o universo para um ambiente jovem e caótico, com temas que a Marvel jamais tocaria. E é isso que The Boys e Gen V entregam, um espelho desconfortável, mas irresistível.

Invencível (Prime Vídeo)
Quando Invencível estreou, poucos esperavam tamanha força. A animação de Robert Kirkman modifica o clichê do “herói” com uma história de amadurecimento dolorosa e reviravoltas chocantes.
O contraste entre o visual colorido e a violência insana é só parte do encanto. Invencível tem alma, algo raro em um gênero cada vez mais mecânico. Steven Yeun, Sandra Oh e J.K. Simmons entregam performances que fariam inveja a qualquer drama prestigiado.

